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Patrício e um soldado

Celina quer dar anel a Lula para salvar um dedo e ficar no Buriti

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José Seabra - Diretor Editor/Foto José Cruz

Emissários de Celina Leão (PP) governadora em exercício do Distrito Federal que viu o Poder cair em seu colo com o afastamento sumário por um prazo de 90 dias do titular Ibaneis Rocha (MDB), estão tentando levar a Lula, via Arthur Lira, presidente da Câmara dos Deputados, uma proposta vergonhosa quando se trata de assunto sério: ela quer dar o anel ao presidente, não perder os dedos e continuar à frente do Palácio do Buriti.

Ainda não conseguiram chegar a Lula. Nem se conhece qual seria a reação do presidente na eventualidade de acontecer alguma conversa nesse sentido.

Um desses pombos-correios é o ex-deputado Cabo Patrício, um petista vermelho por fora mas com o verde e o amarelo bolsonarista por dentro. Ele é justamente o inverso dos ‘generais melancias’. Os militares têm ideologia. E Patrício, embora PM, tem apenas saudades dos tempos em que ele&ela eram parceiros.

Nessa época, degustavam, a pretexto de qualquer comemoração, uma taça de Goût de Diamants. O preço de uma garrafa desse champanhe está avaliado hoje em pouco mais de 1 milhão 200 mil libras. Na conversão para o real, 8 milhões.

O tim-tim ficou conhecido nos meios políticos de Brasília, mas ganhou mais notoriedade quando os distritais viajaram aos Estados Unidos e Canadá para discutirem, em congresso mundial de parlamentares, as ações legislativas dos seus respectivos países. Países, fique claro, e não províncias e distritos, como o Distrito Federal, uma ilha da fantasia cercada de uma população de baixa renda que sequer tem condições de pagar uma meiota no boteco da esquina.

Mas Celina está tão desesperada com sua situação política, cada mais afundada na areia-movediça, que além do anel, quer dar mais. Seu emissários estão autorizados a dizer, por exemplo, que, ao fim da intervenção federal na área da Segurança Pública, caberia a Lula indicar o futuro secretário, embora mediante uma lista tríplice originária do seu gabinete.

Um dois nomes devidamente aconchavados com Rodrigo Rollemberg (PSB), o ex-governador derrotado por Ibaneis, é o do delegado Sandro Avelar, que teve uma gestão catastrófica no setor. Nem cabo (inclusive Patrício), prestava continência a ele. A gestão à frente da Secretaria Pública foi tão medíocre, que Sandro, candidato a deputado federal, morreu afogado como quem embarca numa canoa furada em rio com cardumes de piranhas.

Se a proposta não chegou ainda a Lula, com certeza soou aos ouvidos de Janja. A primeira-dama, uma democrata de verdade, não gosta de conchavos. Resguardadas as devidas proporções, é a dama-de-ferro brasiliense do tipo Margareth Tactcher, que já deixou claro que não se serve para fazer o papel de rainha da Inglaterra. Além do mais, conhecedora das suas próprias virtudes, Janja não é daquelas que oferece o anel em troca de favores.

No auge do desespero, como um nordestino que reza a Deus por chuva no sertão, Celina orientou seus emissários a ir cedendo aos poucos. Dá mais do que o anel e seu cinturão de secretários. Colocou num mesmo balaio os secretários de Governo, Comunicação Social, Economia, Casa Civil, Casa Militar, Saúde e Educação. Um anel com carinho e com afeto saindo de dedos lambuzados de doce podre.

O que Celina não sabe, porém, é que o presidente não quer nada disso vindo dela, uma bolsonarista que, na campanha eleitoral, chamava Lula ‘o bêbado e corrupto nine”, numa referência a um gole de aguardente que o presidente, como todo brasileiro de bem, bebe modera e eventualmente. Quanto a expressão em inglês, diz respeito aos nove dedos do presidente.

A verdade é que Celina Leão está enxugando gelo dentro de um freezr. Sua situação ficou mais delicada após os novos fatos que vieram à tona logo no início das investigações sobre os atos terroristas que ela, junto com Ibaneis, liberou no domingo, 8.

Na Esplanada dos Ministérios já se fala abertamente em Federalização da Segurança Pública do Distrito Federal. Só assim será possível evitar futuros episódios semelhantes. É sabido que a gravíssima crise política aberta por atos antidemocráticos com a depredação das sedes dos Três Poderes da União feriu profundamente a autonomia política do Distrito Federal.

Até o Fundo Constitucional, que custeia as forças de segurança pública da cidade, foi colocado em xeque e reabriu-se a intenção do senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP) líder do Governo no Congresso, de extinguir essa regalia que em 2022 repassou a quantia de dezesseis bilhões de reais para os cofres do Buriti. Esse dinheiro muda de cofres exatamente porque a PM, a Polícia Civil, o Detran, a Secretaria Penitenciária e outros órgãos de segurança de Brasília (além da Saúde e Educação) viverem desse dinheiro.

Contudo, apesar de toda essa grana, Celina foi supostamente cúmplice e como tal, assistiu de camarote a Praça dos Três Poderes ser incendiada, depredada, vilipendiada um bando de terroristas por quem ela tem simpatia.

Celina não tem saída. Se for esperta, deve usar de duas artimanhas e fazer algo como sugeriu Eduardo Bolsonaro: pegar Patrício um soldado qualquer e mandar fechar a Câmara Legislativa. Porque é lá que está sendo montado seu cadafalso. O problema é que, com a intervenção, ela não manda mais na Segurança Pública.

O cerco se fecha. E o impeachment dela, garantem seus opositores, fará ressurgir um risonho Chico Anysio, porque não terá nem intervalo para o vapt-vupt. Consumado o impeachment, a Leoa, se tiver sorte, ainda poderá respirar os ares puros do Cerrado.

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