Carolina Paiva, Edição
Dois estudos publicados no New England Journal of Medicine mostram que uma técnica inovadora utilizando células-tronco pode ser um dos caminhos para a cura da cegueira causada pela degeneração macular, devido à idade (DMRI). De acordo com a Sociedade Brasileira de Oftalmologia, mais de 2,9 milhões de pessoas são afetadas por essa disfunção no Brasil.
O oftalmologista Samuel Duarte explica que cada estudo utilizou um método diferente. “Em uma das técnicas foram realizadas aplicações intraoculares de células-tronco derivadas de tecido gorduroso do corpo do próprio paciente. Já em outro procedimento foi feito um transplante cirúrgico de células-tronco derivadas da pele”.
Segundo o especialista, a utilização de células-tronco para a cura de várias patologias é muito especulada. Neste caso, apesar de ser inovador, o procedimento ainda não apresenta resultados positivos e precisa passar por análises até chegar a quocientes satisfatórios. “Os pacientes submetidos à primeira pesquisa, tiveram piora da visão um ano após a aplicação das células e na segunda pesquisa, não houve piora nem melhora”, relata.
O médico reforça que há diversas causas de cegueira, sendo algumas de origem ocular e outras de origem neurológica. “Atualmente, os estudos realizados têm tratado pacientes portadores de degeneração macular relacionada à idade. Quando houver resultados satisfatórios e com melhores técnicas, provavelmente o tratamento deverá ser estendido para outras causas de cegueira”.
O oftalmologista esclarece que as células-tronco são indicadas para esses procedimentos por serem imaturas e, por isso, são capazes de se transformarem em células especializadas do organismo após uma estimulação.
“Na oftalmologia, teoricamente, elas são capazes de regenerar o tecido celular ocular danificado e levar à recuperação da visão em casos selecionados”, conta.
Otimista, Samuel Duarte acredita que o futuro do tratamento de doenças intratáveis ou com mau prognóstico seriam passíveis de cura com as células-tronco, pois será possível substituir um tecido lesado por um novo.
“Podemos recuperar também a medula óssea em um paciente com paraplegia, ou o coração de alguém que sofreu um infarto e perdeu a força para bombear o sangue”, explica o oftalmologista.
Ele ressalta que na oftalmologia os resultados ainda são insatisfatórios e acredita que o tratamento está distante de ser aplicado na rotina médica. “Embora falte muito conhecimento, os estudos estão sendo realizados por todo o mundo, pois acreditamos no potencial que existe no uso das células-tronco. Devemos aguardar com esperança pelos novos resultados que virão”, finaliza.