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O queridinho

Celular vira ‘arma’ para o trabalho e o estudo

Publicado

Autor/Imagem:
Mariana Tokarnia

O celular é o principal dispositivo usado tanto por estudantes, para acompanhar aulas remotas, quanto por trabalhadores que tiveram que migrar as atividades para a internet por causa da pandemia. Os dados são da 3ª edição do Painel TIC covid-19 do Comitê Gestor da Internet no Brasil (CGI.br). A ênfase desta edição foi ensino remoto e teletrabalho.

A pesquisa, divulgada nesta quinta (5), foi feita com base em entrevistas com 2.728 usuário de internet de 16 anos ou mais, entre 10 de setembro e 1º de outubro deste ano, pela web e por telefone.

Entre os estudantes, 37%, o maior percentual, usam o celular para realizar atividades e acompanhar aulas, 29% usam notebooks e 11%, computadores de mesa. Entre os trabalhadores, 41% usam o celular, 40% notebook e 19%, computadores de mesa.

Embora ajude a ampliar o acesso à internet, o celular tem uma série de limitações, de acordo com a analista de informação no Centro de Estudos para o Desenvolvimento da Sociedade da Informação (Cetic.br), vinculado ao CGI.br, Daniela Costa: “Aqueles que contam com computador em casa, que contam com tablet e uma diversidade maior de dispositivos têm melhores oportunidades de realização desse trabalho ou desse ensino remoto”.

Há diferenças entre as classes sociais. O celular é mais usado como ferramenta de estudos e trabalho pelas classes D e E do que pelas classes A e B. Entre os estudantes, 54% das classes D e E usam celulares e apenas 10%, notebooks. Nas classes A e B, o percentual dos que usam notebooks aumenta, passando para 45%, enquanto aqueles que usam celulares cai para 22%.

Entre os trabalhadores, nas classes D e E, 84% usam celulares, enquanto nas classes A e B, esse percentual é 22%. O computador, seja notebook ou de mesa, é usado por 77% dos trabalhadores usuários de internet das classes A e B.

“Algumas pessoas utilizam planos de dados limitados, que não permitem que acessem a internet de forma completa. Acessam, na verdade, determinados aplicativos. Se precisam fazer pesquisas escolares, não conseguem acessar sites de maneira ilimitada, acessam aplicativos, às vezes de mensagem instantânea ou redes sociais”, diz Daniela.

Estudantes
O levantamento mostra que 82% dos estudantes usuários de internet passaram a acompanhar as aulas da escola ou da universidade de forma remota. A maioria, 71%, diz que as aulas são dadas por meio de sites, redes sociais ou plataformas de videoconferência.

Mais de um terço dos estudantes, no entanto, relatam problemas, seja dificuldade para tirar dúvidas com os professores (38%), seja falta de estímulo para estudar (33%) ou ainda a falta ou baixa qualidade da conexão à internet (36%). Ao todo, 16% dizem não ter equipamentos para assistir às aulas.

Alguns acabaram abandonando as aulas. O principal motivo apontado por aqueles que não acompanharam as aulas ou não as acessam há mais de 30 dias é a busca por emprego, justificativa apresentada por 56% dos entrevistados. Em seguida, está a necessidade de cuidar da casa, dos irmãos, filhos ou de outros parentes, relatada por 48%.

Aproximadamente um, a cada três estudantes que deixou de assistir às aulas, diz que não conseguiu ou não gosta de estudar a distância (37%); que não têm acesso à internet ou ela é de baixa qualidade (34%); e que faltam equipamentos para acessar as aulas (32%).

Trabalhadores
O estudo mostrou que 38% dos usuários de internet que estão trabalhando durante a pandemia realizam trabalho remoto e, entre eles, 82% o fazem por causa da pandemia.

O levantamento mostra que apenas 35% receberam suporte técnico para hardware ou software da empresa em que trabalham. Também 35% dizem que receberam equipamentos como notebooks ou celulares para trabalhar. Somente 16% dizem ter recebido apoio financeiro para custeio da conexão à internet.

Os aplicativos de mensagens e as redes sociais foram as ferramentas mais usadas no trabalho, respectivamente por 86% e 63% dos entrevistados. Essas ferramentas foram usadas principalmente para vendas.

“O teletrabalho, assim como o ensino remoto, não era uma prática muito disseminada entre as empresas e essa questão de ofertas para o funcionário de uma condição de desenvolvimento das atividades profissionais não fazia parte das preocupações das empresas”, diz Daniela. “Mas, a partir desse momento, nas políticas todas, a gente passa a ter uma ênfase no usuário, não só na instituição. Agora vamos ter que ter políticas públicas que foquem no usuário, seja estudante ou funcionário, e no domicílio, porque grande parte das atividades acontece no domicílio”, acrescenta.

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