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Cenário político no Brasil, que anda ruim, pode ficar ainda pior

Uma das frases que martelam diariamente a cabeça de 11 entre dez brasileiros, a gente era feliz e não sabia, deveria ser repetida até 2 de outubro de forma mais objetiva. O ideal é que fosse transformada em uma indagação na ordem direta: Você quer voltar a ser feliz? Antes que essa formulação eventualmente vire fato, antecipo meu posicionamento: é meu sonho de consumo. Muito mais do que um sonho é a certeza de que, de acordo com o resultado das urnas, dias piores virão. Muito piores. Não torço para que eles ocorram, mas tudo indica que serão dias tenebrosos, daqueles que derrubarão a tese vitoriosa do político sempre comediante Tiririca.

O risco de ficar pior do que está não é ficção. A crueldade da realidade de hoje atingirá inclusive os hipócritas, aqueles que sonham acordados com a efetivação do caos tirânico. É apenas uma questão de tempo. Impossível esquecer, por exemplo, a tragédia anunciada sobre a possibilidade de, confirmada uma suposta derrota, Bolsonaro tentar melar o jogo. Claro que não basta querer ganhar no tapetão. É preciso ter poder e, acima de tudo, força capaz de fechar todos os demais poderes constituídos e enclausurar centenas de milhares de antagonistas que torcem e desejam mudanças conceituais e formais no pernóstico modus operandis do capitão-presidente.

Diriam os mestres do saber que essas tarefas são das mais fáceis. Pode ser, considerando que há um exército de marionetes pronto para atacar quem se insurgir contra o candidato-mor. Os tempos são outros, mas os fundamentalistas não se cansam de mostrar uma superioridade forjada em gabinetes estrelados. O que eles não dizem, porque temem, é que se borram só de imaginar os gritos de um cabo e dois soldados colocados por Joe Biden de prontidão na Praça dos Três Poderes. Como a fase é do vale tudo, ouso afirmar que isso não é improvável. Quem acredita no poder absoluto de meia dúzia de tanques está candidamente enganado.

Só para registrar, valho-me de uma entrevista do ex-secretário norte-americano para a América Latina. Recentemente, Arturo Valenzuela, auxiliar do governo Barack Obama, deixou claro que uma ruptura da ordem será levada “muito a sério tanto pelos brasileiros quanto por países como os Estados Unidos”. A ruptura em referência deve ser entendida por uma recusa por parte de um dos potenciais candidatos em aceitar uma eventual derrota nas urnas. Embora o que está ruim ainda pode ficar pior, saibam todos que o Haiti não é aqui.

Pelo sim, pelo não, semana passada estranhei os “passeios” rasantes de quase uma hora de meia dúzia de helicópteros do Exército pelos céus de Brasília. Seria uma demonstração de força do mal sobre as cabeças das pessoas de bem? Se não for, vale a pena lembrar aos comandantes mais moderados que, com os preços dos combustíveis pelas hora a morte, há o risco real de as aeronaves sofrerem pane seca quando forem convocadas para defender vidas. Seja lá o que for, os tempos são sombrios. As incertezas são preocupantes, a começar pelo desvirtuamento do pessoal muito bem pago para validar o regime democrático. Lamentavelmente, atualmente parte de alguns deles a maior ameaça à nossa liberdade.

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