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Centrão joga água nas beiradas para ter mais influência no Nordeste

O Centrão tem demonstrado sua habilidade de adaptação e articulação ao intensificar suas ações no Nordeste, uma região historicamente ligada ao lulismo. Com a estratégia de avanço “pelas beiradas”, como sugere a metáfora, o grupo está fincando raízes em municípios menores e utilizando lideranças locais para criar uma base sólida que possa ser mobilizada nas próximas eleições gerais – presidência, governos, senadores e deputados federais.

A estratégia é clara: enquanto o Nordeste continua sendo um dos maiores redutos de apoio ao presidente Lula, o Centrão busca espaços onde o lulismo possa apresentar fragilidades, seja por falta de investimentos locais, crises administrativas ou insatisfações com os rumos que o Palácio do Planalto está dando à região. O objetivo é traçar o caminho para construir uma candidatura que possa rivalizar com o domínio petista.

Esse movimento, entretanto, não se dá apenas com discursos ou promessas. O Centrão tem apostado em alianças pragmáticas, usando a máquina pública em níveis estaduais e municipais para fortalecer suas bases. Programas sociais, obras de infraestrutura e presença ativa de parlamentares têm sido os instrumentos dessa expansão. Em muitos casos, essa aproximação se dá de maneira silenciosa, quase despercebida pelo grande público, mas já visível para analistas políticos.

A sucessão de Lula, que ainda parece distante para muitos, já está no radar do Centrão. A intenção não é apenas conquistar votos, mas minar aos poucos a hegemonia petista no Nordeste, tornando a região mais disputada em um futuro cenário eleitoral. Resta saber se uma estratégia será suficiente para romper com a conexão histórica entre o lulismo e o Nordeste, uma relação construída ao longo de décadas de discursos, políticas públicas e ideais comuns.

Se o Centrão terá sucesso em sua empreitada, o tempo dirá. Por enquanto, o que se observa é um jogo político em que as margens estão se tornando o novo campo de batalha, com promessas de um futuro eleitoral tão imprevisível quanto os caminhos sinuosos do Sertão.

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