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Cerveró faz Lava Jato olhar para 20 milhões da UTC que caíram nas contas de Collor

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Em delação premiada, o ex-diretor da Petrobras Nestor Cerveró acusou o senador Fernando Collor de Mello (PTC-AL) de receber entre R$ 15 milhões e R$ 20 milhões da UTC para que a empresa construísse as bases de distribuição de combustíveis da BR Distribuidora, subsidiária da estatal. Segundo o delator, a empresa ganhou todas as licitações da BR desde que ele assumiu sua diretoria, em 2008.

Cerveró indicou que a empreiteira foi responsável pela construção de pelo menos duas bases de distribuição da subsidiária: a de Porto Nacional, em Tocantins, e de Cruzeiro do Sul, no Acre. Além disso, a empreiteira foi responsável pela ampliação do terminal de distribuição de combustíveis de Duque de Caxias. Todas as obras foram licitadas pelo diretor de operações logísticas da subsidiária, José Zonis, afilhado de Collor na empresa. O senador, por sua vez, disse por meio de nota que os termos da delação de Cerveró “são absolutamente inverídicos”.

O pagamento da propina ao senador era feito por intermédio de Pedro Paulo de Leoni Ramos, ex-ministro da gestão de Collor e apontado como o seu representante no esquema de corrupção na Petrobras. De acordo com Cerveró, Pedro Paulo chegou a mostrar uma tabela feita pelo próprio senador com indicação de valores que deveriam ser pagos a ele em relação a cada negócio da BR Distribuidora.

Ainda segundo Cerveró, os valores indicados por Collor na tabela eram “bastante elevados”, e que Pedro Paulo chegou a perguntar a ele como o ex-diretor iria viabilizar o repasse de tanto dinheiro. “Te vira que esse problema é teu”, teria respondido Cerveró ao operador do senador.

A delação do ex-diretor da Petrobras foi homologada no fim do ano passado se tornou pública nesta quinta-feira (2), no sistema interno do Supremo Tribunal Federal. As declarações dele são similares às prestadas pelo próprio dono da UTC Ricardo Pessoa. Ele confirmou que repassou a Collor R$ 20 milhões para conseguir obras de infraestrutura na BR licitadas na gestão do presidente José Lima de Andrade Neto.

Collor e Pedro Paulo já foram denunciados pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot, ao Supremo Tribunal Federal (STF) pela suposta prática de corrupção e lavagem de dinheiro na Lava Jato. Pedro Paulo já é alvo de duas denúncias na Corte e Collor, de outras cinco investigações sobre seu envolvimento no esquema de corrupção da Petrobras.

Outro lado – A defesa de Collor nega que o senador tenha participado dos processos internos e licitações realizadas pela BR Distribuidora, e afirma que jamais recebeu propina da UTC. Por meio de nota, o senador afirmou que “repudia os termos da delação de Nestor Cerveró, que são absolutamente inverídicos no que lhe dizem respeito”, e que não participou nem se fez representar em “aventada reunião de cuja realização não tem notícia nem o menor conhecimento”.

Por fim, Collor diz que é “preocupante para a democracia quando implicados procuram lavar seus malfeitos enodoando a reputação alheia sem apresentar qualquer dado concreto”.

estadao

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