Sai xadrez, entra poesia
Céu que encanta Brasília não é só de menestréis
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emBem antes de Vicente Celestino soltar sua voz cantando que “a noite estava assim enluarada (..)”, o céu de Brasília e toda a sua beleza extasiante já existiam, embora a cidade sequer tivesse sido desenhada por Oscar Niemeyer e Lúcio Costa. A lembrança de um dos mais brilhantes intérpretes da MPB me veio à cabeça na noite de domingo, 12, quando a voz lá da sacada, como a de um trovador, perguntou, alto e bom som, se ‘Kasparov’ – apelido carinhoso com que fui presenteado -, estava em casa. Era meu amigo enxadrista.
– Não vim para jogar uma partida’, antecipou-se sorrindo. Queria ‘jogar conversa fora’. Na calçada, ele de pé, eu sentado em minha extensão das pernas, olhamos para o alto. E lá estava aquele céu cheio de luzes, algumas próximas, outras bem mais distantes, mas todas impossíveis de pegarmos com as mãos. É o céu noturno de Brasília, tão cantado pelos poetas, que a todos nos encanta.
O tempo passou, o calor amainou, uma suave brisa soprou e despedimo-nos. Liguei meu notebook, imaginei-me poeta, acionei Tico e Teco, e comecei a escrever. “Ao fim e ao cabo”, como costuma registrar em seus textos meu companheiro de Notibras Mathuzalém Jr, saiu o que pode ser lido a seguir. Espero que o leitor goste. E que um deles me convença a candidatar-me a uma cadeira (mesmo que de rodas) na Academia Brasileira de Letras.
Céu de Brasília/A cidade acalmou/Logo depois das dez, nas janelas, a fria luz da televisão, divertindo as famílias/Saio pela noite, andando nas ruas/Lá vou eu pelo ar nas asas do avião, me esquecendo da solidão/Da cidade grande, do mundo dos homens/Num voo maluco, que eu vou inventando/E voo até ver nascer o mato, o sol da manhã/As folhas, os rios, o azul/Beleza bonita de ver/Nada existe como o azul sem manchas do céu do planalto central/E o horizonte imenso, aberto, sugerindo mil direções/E eu nem quero saber se foi bebedeira louca ou lucidez.
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