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Traçando o futuro

Chá de camomila abre os olhos para as incertezas da jovem e pressionada Amanda

Publicado

Autor/Imagem:
Eduardo Martínez - Foto Produção Irene Araújo

Amanda, assim como boa parte dos adolescentes de sua idade, andava confusa sobre qual rumo tomar na vida. O pai, os avós, os tios e até os padrinhos, vez ou outra, insistiam em que a garota optasse por uma carreira segura.

— Engenharia.

— Direito.

— Medicina.

— O quê? Psicologia? Não, não, não!

— Amanda, já pensou na possibilidade de fazer odontologia? Meu dentista cobra os olhos da cara por uma obturação pequenina.

Diante de tantas opções, a menina acumulava dúvidas misturadas ao turbilhão de hormônios. Chegou a pensar em cada uma das dicas dos parentes, mas logo desistia de todas. Será que o sentido da vida era esse mesmo?

— Professora nem pensar, hein!

— Ih, não é possível que anda pensando em ser atriz!

— Escritora? Quer morrer de fome?

As cobranças não paravam de chegar, enquanto as dúvidas só aumentavam na mente fértil da guria. Quase à beira do desespero, Amanda se fez de surda para não enlouquecer de vez. Nisso, sua mãe, talvez o único adulto sensato da família, levou um chá de camomila para filha.

— Sabe quem adorava camomila?

— Não, mamãe.

— Minha avó materna.

— A Dinda?

— Sim. Você não chegou a conhecê-la, mas ela a pegou no colo algumas vezes.

— Sente falta dela, mamãe?

— Muita. Ela era meu refúgio. Aprendi muitas coisas com ela, mas uma me ajuda a enfrentar os problemas que me aparecem.

— E o que a senhora aprendeu com a Dinda, mamãe?

— Ela sempre me dizia que a vida é um universo de possibilidades e, por isso, para eu jamais ser óbvia demais.

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Eduardo Martínez é autor do livro “57 Contos e Crônicas por um Autor muito Velho”.
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