Cadê Tonho?
Chefe que fala sozinho vira doido de hospício
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emO patrão resmungava aos quatro ventos. Cadê o miserável do Tonho? Que desculpa iria inventar naquele dia. Atrasou? De novo? Que acordasse antes da cidade inteira, mas que chegasse a tempo.
O ônibus quebrou? Entrou em greve? Problema dele! Quem mandou morar tão longe? Por que não se mudava para perto do comércio? Que os aluguéis daqui não eram para sua gente, não era problema do patrão.
De hoje não passa! Vai pro olho da rua! Tá pensando que aqui é a casa da mãe Joana? Pois vá tirando o cavalinho da chuva!
Tonho morreu. Chegou a notícia logo após o almoço. E ainda por cima me apronta mais essa? Embrulhou meu estômago!
O patrão nem se deu ao trabalho de perguntar como foi, se atropelado, se de tiro, se de infarto ou qualquer doença própria desse povo. Maior desgraça era a do patrão, que teve que fazer a vez do empregado.
Tonhão morreu hoje? Só falta esse desgraçado me deixar na mão amanhã também. Se o traste não me aparecer aqui com uma boa explicação, o olho da rua é a serventia da casa!
*Eduardo Martínez é autor do livro “57 Contos e Crônicas por um Autor muito Velho”.
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