Artilharia de Freire
Chico é um reacionário na roda viva do mundo
Publicado
emGustavo Porto
Carolina Paiva, Edição
O ministro da Cultura, Roberto Freire, evitou polemizar sobre a saída de seu antecessor, Marcelo Calero, durante entrevista ao programa Roda Viva, da TV Cultura, na noite desta segunda-feira (28). Ele disse que, ao ser convidado para o cargo, o presidente Michel Temer não informou a razão da escolha “Não procurei saber dos motivos e assumi porque o governo Temer é constitucional e é fruto do impeachment de Dilma”, afirmou Freire.
O ministro reafirmou que priorizaria a decisão técnica do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), no caso do agora ex-ministro Geddel Vieira de Lima, que pediu a liberação da construção de um imóvel em Salvador. “Se existe órgão técnico para decidir sobre patrimônio artístico, tem de respeitar a decisão técnica. Se alguém viesse pra mim, eu teria encerrado o assunto com o critério técnico”, afirmou Freire.
Questionado sobre um processo semelhante de obras em Recife, o ministro disse que respeitará o que o Iphan definir, embora seja um processo diferente do de Salvador. “Não é uma coisa tão simples”, afirmou.
Indagado sobre a postura do músico e compositor Chico Buarque de vetar a música “Roda Viva”, de sua autoria, na abertura do programa, após a entrevista de Temer, Freire disse que ela é fruto de um processo de crescente intolerância. “O Roda Viva não entrevistou apenas Michel Temer, que é desafeto dele”, afirmou. “Com Chico (Buarque) eu tive um excelente diálogo durante a ditadura. Felizmente não me transformei em um reacionário”, emendou.
Levando o Ministério – Freire voltou a defender, durante a entrevista, uma posição pessoal, já explanada no Twitter, de que não há a necessidade da existência de um Ministério efetivar as políticas para o setor. “Meu Twitter segue; tem países que não têm ministério (da Cultura) e que têm políticas culturais excelentes”, disse Freire.
“Você poderia ter uma secretaria da Cultura ligada ao Ministério da Educação e Cultura”, afirmou. Ele salientou, no entanto, que a Pasta seguirá até o final do governo – quando assumiu, o presidente Michel Temer extinguiu o Ministério, mas logo o recriou. Freire disse que políticas já implantadas, como o vale-cultura, seguirão em seu mandato.
Governo legitimo – O ministro afirmou que tem tranquilidade em dizer que não votou no presidente Michel Temer, mas que considera o governo dele “legítimo” após o impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff. E recordou que, mesmo não tendo votado em Itamar Franco – vice na chapa de Fernando Collor em 1989 – foi líder do governo dele.
“Temer foi escolhido pelo governo que retiramos, da mesma forma que não votei em Itamar”, disse o ministro, em entrevista ao programa Roda Viva, da TV Cultura, na noite desta segunda-feira (28).
Freire demonstrou irritação ao ser questionado por participar de um governo envolvido em denúncias de corrupção e que, aparentemente, quer frear as investigações da Operação Lava Jato “O PPS, que eu represento, em nenhum momento quis acabar com a Lava Jato”, afirmou.
Lei de incentivo – Para Freire, as leis de incentivo ao setor, como a Lei Rouante, são necessárias. Ele apoiou e apoiou investigações em possíveis irregularidades na sua aplicação. “Lei de incentivo para a cultura é necessária e não é ela que provoca a má gestão”, disse.
Ele citou as investigações de irregularidades e ilícitos pela Polícia Federal e pelo Ministério Público. “Não é a lei que provoca a corrupção, é a gestão falha e o que se beneficiou. Na mudança das normas, vamos caminhar para uma maior transparência e em uma nova plataforma aos projetos que derem entrada no ministério”, afirmou.
Espaços abandonados – O ministro apontou a Esplanada dos Ministérios como um exemplo de equipamentos culturais que não funcionam ou estão fechados, ao explicar que não são necessários novos projetos no setor. Segundo ele, o Teatro Nacional, a Biblioteca Nacional e o Museu Nacional “estão fechados ou não funcionam direito”. O ministro foi o entrevista do programa Roda Viva, da TV Cultura, nesta segunda-feira (28).
Freire disse que irá manter a Agência Nacional do Cinema (Ancine), mas considerou que o órgão, ao mesmo tempo regulador e executivo, precisa ter corrigidas algumas distorções. “Se estamos dizendo que não vamos mexer em coisas menores, evidentemente não vamos mexer em coisas que têm impacto muito grande como é a Ancine”, afirmou o ministro. “Será que é uma distorção o órgão regulador ser o órgão executor?”, indagou.