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China desafia Estados Unidos e socorre o Irã

Pequim atropelou as sanções impostas por Washington a Teerã e decidiu sair em socorro dos aiatolás. Neste sábado, 27, os ministros das Relações Exteriores do Irã, Mohammad Javad Zarif, e o da China, Wang Yi, assinaram um acordo de Parceria Estratégica Abrangente com duração de 25 anos. Essa abrangência inclui socorro militar, em caso de conflito armado; muitos negócios na área energética (o petróleo iraniano vai para os chineses, que cedem tecnologia nuclear) e elevados investimentos em infraestrutura.

Os dois países ampliam, assim, seus laços políticos e culturais, de segurança e defesa e cooperação diversa em outros setores. O tratado também aumentará o comércio bilateral, que deve girar em torno de 600 bilhões de dólares por ano. Além disso, a China investirá 400 bilhões de dólares na infraestrutura de petróleo, gás, petroquímica, energia renovável e energia nuclear do Irã.

O acordo também coloca o Irã no projeto conhecido como Belt and Road de Pequim. Trata-se de um esquema ambicioso no valor equivalente a mais de 1 trilhão de dólares com o objetivo de ligar a China à Europa e à África por meio de uma série de projetos ferroviários e marítimos, deixando mais fácil o acesso da China a dezenas de países..

O presidente iraniano, Hassan Rouhani, elogiou a assinatura do acordo, expressando gratidão a Pequim por seu apoio a Teerã na arena internacional em face das sanções unilaterais dos Estados Unidos, inclusive no que diz respeito ao projeto nuclear do Irã. Rouhani sinalizou que a presença militar norte-americana na Ásia Ocidental é a causa da instabilidade regional.

O ministro das Relações Exteriores Javad Zarif chamou o acordo de um “roteiro estratégico histórico de 25 anos” e disse que ele e Wang tiveram um “excelente intercâmbio sobre a expansão da cooperação global, regional e bilateral no contexto de nossa parceria estratégica abrangente”.

Wang, por sua vez, ecoou os sentimentos das autoridades iranianas, dizendo que “as relações entre os dois países agora alcançaram o nível de parceria estratégica” e que “a China busca melhorar de forma abrangente as relações com o Irã”. O chanceler acrescentou que os laços de Pequim com Teerã “não serão afetados pela situação atual, mas serão permanentes e estratégicos”, observando que “ao contrário de alguns países”, o Irã “não muda de posição por causa de um telefonema”.

O jornalista e analista de política externa norte-americano Ben Norton chamou o acordo de “enorme”, caracterizando-o como “o prego no caixão, acabando com a hegemonia imperialista dos EUA sobre a Ásia Ocidental”. Já o Bloomberg descreveu a assinatura do tratado como um “desafio” para o governo Biden, já que este trabalha para “reunir aliados” contra Pequim.

“A integração mais estreita do Irã com a China pode ajudar a fortalecer sua economia contra o impacto das [sanções dos EUA], enquanto envia um sinal claro para o governo Biden das intenções de Teerã”, sugeriu o jornal de economia dos Estados Unidos.

No mês passado, depois que o governo Biden deixou claro que não suspenderia as sanções e retornaria ao acordo nuclear a menos que o Irã reduzisse drasticamente suas atividades de enriquecimento de urânio, o líder supremo iraniano Ali Khamenei anunciou que “a era pós-EUA” havia começado. O primeiro passo pode ser entendido como esse acordo, algo inédito entre duas nações  reconhecidamente desafetas dos Estados Unidos.

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