Chuva causa transtornos no Rio e moradores ficam ilhados em ruas inundadas
Publicado
emVladimir Platonow
A chuva que ficou mais forte no final da tarde de hoje (29), no Rio de Janeiro, paralisou o trânsito em vários bairros da cidade e interrompeu os voos no Aeroporto Santos Dumont. As regiões mais afetadas foram a favela da Rocinha, que recebeu 96 milímetros de chuva no período de quatro horas, Alto da Boa Vista (93,8 mm), Jardim Botânico (77,8 mm) e Urca (74,8 mm).
Também na região central da cidade, como a Lapa, os transtornos foram grandes, pois a rede pluvial é muito antiga e não consegue drenar a água. Em algumas ruas, como a do Lavradio, até mesmo um ônibus que tentou passar acabou retido na água, que passava de meio metro de altura, deixando passageiros presos dentro do veículo à espera de que a chuva diminuísse.
Pior destino tiveram alguns motoristas que tentaram enfrentar o alagamento e ficaram no meio do caminho, como a representante farmacêutica Suely Médici. “Eu estava indo e de repente veio muita água e não tive o que fazer. Começou a encher o carro e deu um desespero danado. Isso não é só aqui. No Rio de Janeiro todo está uma vergonha, um absurdo. Nas Olimpíadas, não vai ser brincadeira”, criticou ela, enquanto observava desolada seu carro quase boiando no meio da rua.
“É uma vergonha e isso não é de hoje. Toda vez que chove, alaga tudo. A gente sai da escola com o filho no colo e tem que ir com água pelo joelho para casa. Imposto a gente paga e cadê o retorno?”, desabafou Paula Roberta Pereira, enquanto tentava passar em meio à água com o filho de dois anos.
“Só tende a piorar. Acho que vamos ter que dormir por aqui mesmo. Não tem o que fazer, tem que esperar. Não investem na infraestrutura. É uma roubalheira”, indignou-se a desenhista de joias Luiza Veludo Guimarães, que precisou subir na calçada com seu carro para que ele não ficasse inundado.
A salvação para um grupo de funcionários que saíam do Tribunal Regional do Trabalho (TRT), na Lapa, foi pegar carona na carroceria de um caminhão, único veículo que conseguia passar no alagamento. Em outros pontos, pessoas caminhavam desorientadas, com água pela canela. “Vamos fazer o quê? Infelizmente, nossos governantes são assim. Isto é o nosso dia a dia”, resignou-se Geraldo Maciel, que trabalha com refrigeração industrial.
“A Defesa Civil não registrou, até o momento, ocorrências graves nas comunidades mais atingidas pela chuva e as equipes realizaram vistorias para verificar as condições estruturais dos imóveis das áreas de risco. Antes de as sirenes tocarem, as lideranças comunitárias treinadas já haviam informado aos moradores sobre a possibilidade de evacuação assim que receberam as mensagens nos celulares que a prefeitura do Rio disponibilizou e que compõem o sistema de alerta preventivo”, explicou a Defesa Civil do município em nota.
A prefeitura do Rio precisou adotar o plano de emergência em pelo menos dois morros, o Chapéu Mangueira e o Morro da Babilônia, ambos na zona sul, acionando as sirenes que avisam aos moradores para deixarem suas casas e se refugiarem em abrigos seguros. A prática ocorre sempre que chove 50 mm ou mais, no período de uma hora, o que pode gerar deslizamentos de terra e desmoronamento de rochas.
Agência Brasil