No ano passado, dois exames antidoping foram realizados em atletas do ciclismo de estrada feminino brasileiro e ambos deram positivo. Em 2015, nenhum exame foi realizado no campeonato nacional. Mesmo assim, quatro ciclistas foram flagrados recentemente em exame antidoping e estão provisoriamente suspensos. Na lista estão Uênia Fernandes de Souza, da seleção, e Fernando Filkler, vice-campeão nacional.
Uênia é prima de Márcia Fernandes, flagrada após ser campeã brasileira de 2014. Naquela competição, só as campeãs do adulto (Márcia) e do sub-23 (Nayara Gomes Ramos) foram submetidas a exames antidoping. Ambas testaram positivo para EPO, hormônio sintético utilizado para produzir glóbulos vermelhos e ajudar na resistência.
Também Uênia, de 31 anos, foi flagrada por EPO. Ela testou positivo para a substância num teste surpresa antes dos Jogos Mundiais Militares, realizados em Mungyeong (Coreia do Sul), em outubro. A equipe brasileira, composta também por Clemilda e Janildes Fernandes, primas de Uênia, abriu mão de disputar o Mundial da modalidade para estar nos Jogos Mundiais Militares.
Isso porque toda a seleção brasileira feminina de ciclismo de estrada faz parte do programa de alto rendimento das Forças Armadas. Uênia, como as primas, é 3º sargento da Força Aérea Brasileira (FAB). Se punida por 2 anos como aconteceu com Márcia e Nayara, fica fora da Olimpíada.
Clemilda, vale lembrar, foi flagrada em exame realizado durante o Giro Rosa (versão feminina do Giro D’Itália) de 2009, também por EPO. Este ano, Uênia foi quem disputou o Giro, terminando no 42.º lugar. Por conta da participação nesta volta ciclística, ela não esteve nos Jogos Pan-Americanos. Punida, tende a ser demitida da Ale Cipollini, forte equipe italiana.
OUTROS CASOS – O outro sargento da FAB pego no doping é Alex Arseno, também por EPO, também no teste surpresa feito pela Autoridade Brasileira de Controle de Dopagem (ABCD) antes da viagem para os Jogos Mundiais Militares. Assim como Uênia, ele foi suspenso provisoriamente por 30 dias. Como é reincidente (foi pego por EPO em 2009), deve ser banido do esporte. Pelo Facebook, entretanto, ele já anunciou que vai se aposentar. Alex compete por Taubaté (SP) e, em janeiro, venceu a prova promocional do Tour do Rio.
Antes, já haviam sido anunciados outros dois casos no ciclismo brasileiro, ambos no Tour do Rio, disputado em agosto. Cleberson Weber (da DataRo, de Cascavel-PR) foi pego por EPO, enquanto Fernando Filkler foi flagrado com Clostebol. Como os testes foram feitos pela União Ciclística Internacional (UCI) caberá a este órgão julgá-los.
Fernando Filkler, que compete pelo Avaí, de Florianópolis, tem só 19 anos e era considerado a grande revelação do ciclismo brasileiro de 2015. Ele venceu o contra-relógio no Brasileiro Sub-23 e foi vice campeão de estrada no adulto. Além disso, venceu na categoria júnior no Tour do Rio, prova na qual foi flagrado em exame antidoping.