Frágil equilíbrio de uma civilização mamute
pernas pro ar e vírus a dominar
incertezas que pairam como
nuvens pesadas sobre nós
isolamento lamento desamparo
tormento
e vão e voltam e se batem combatem
na travessia da longa noite que
ameaça eterna
caminhos de “passos pisantes” em ovos chocos
tempos sufocantes de álcool gel
próximos distantes presentes
ausentes
bilhões querendo mas não podendo eternizar o contato
o toque o beijo o abraço
isolamento lamento desamparo
tormento
petrificados trancafiados nos afagamos distantes
carinhos e emoções virtuais possíveis afetos
idosos derrubados na Itália convulsões planetárias
dor pavor horror no olho do furacão muito além que chinês
seguimos todos refugiados na solidão e na dúvida
cidades vazias e almas em profanação
isolamento lamento desamparo
tormento
fronteiras mesquinhas e com dimensões estreitas
suspiros que explodem no desespero do silêncio
a invasão de corpos de mentes de vidas
seres da barca de Creonte no fim do mundo
isolamento lamento desamparo
e do degredo
gentes em desmanche esperança partida
das mães que gritam e choram como se fosse o normal
do jogo/vírus da política da morte e do terror total
respiração espirro disritmia comoção viral
isolamento lamento desamparo
tormento
frágil equilíbrio de um planeta mamute
cotidemia* de paredes invisíveis
sofrimentos concretos
noite que parece sem fim