O alerta foi feito neste sábado, a partir do Recife, no encerramento da Conferência da Terra: se a devastação do meio ambiente não parar, a humanidade sofrerá novas e sucessivas ondas de pandemias; haverá um círculo vicioso e doenças provocadas por diferentes vírus se espalharão por todos os cantos, provocando mortes em velocidade e amplitude semelhantes ou mesmo superiores à do novo coronavírus.
Falando para um plenário virtual no encerramento da Conferência da Terra, evento que reúne a cada dois anos especialistas do setor, entre cientistas, ambientalistas e geógrafos, o professor e doutor em geografia Giovanni Seabra lembrou advertências anteriores de que o avanço exponencial da degradação ambiental em nível mundial e local, está afetando as funções orgânicas do Planeta, e, consequentemente, a sobrevivência da espécie humana.
“Deu no que deu, o resultado bateu em nossas portas, entrou em nossas casas e ingressamos na Era das Pandemias. Ao que parece elas surgiram com força total, como um rolo compressor gigantesco destruindo tudo o que encontra pela frente”, afirmou. O professor lembrou que no ano passado, antes mesmo de a atual pandemia aparecer, a Conferência da Terra havia mencionado o risco iminente para a saúde ambiental e para a vitalidade da Terra.
“Porém disse Giovanni Seabra na noite deste sábado, 7 -, o tempo voa. No próximo mês completamos um ano, desde o início das contaminações pelo novo coronavírus, através dos morcegos expostos para consumo humano no mercado público de Wuhan. Logo em seguida aquela cidade da China foi transformada no primeiro epicentro da pandemia da Covid-19. Surpreendentemente, pouco tempo depois, milhares de chineses se amontoavam em banhos nas piscinas públicas. Pasmem, isso em Wuhan, onde tudo começou…
Depois de lembrar que horas antes o balanço da OMS anunciava o registro de 1 milhão 246 mil mortes provocadas pela Covid, Giovanni Seabra enfatizou que “saímos (a humanidade) perdendo, e muito. Este vírus não está pra brincadeira; portanto não devemos brincar com ele, e nem chamar a pandemia de gripezinha”.
O professor manifestou preocupação com o ‘novo normal’ vivido no Brasil, com praias e logradouros públicos abertos “e o povo se preparando pra quando o carnaval chegar”. Tudo isso, afirmou, “diante do estopim aceso prestes a explodir o país, que já coleciona quase 170.000 mortos. Um número funestamente extraordinário, com acréscimos de 500 óbitos ao dia”, lembrou.
A opinião do professor, compartilhada por seus pares da Conferência da Terra, é a de que tudo isso corresponde à reação do Planeta às ações destruidoras do homem. “Temos que parar com isso urgentemente, mudando a conduta, o consumo, os representantes políticos e os gestores públicos, gananciosos, perdulários, insensíveis e persistentes em provocar o colapso planetário e roubar o futuro de todos nós”, sublinhou.
A Conferência da Terra, segundo Giovanni Seabra, já é vista como um movimento denso, movido por uma energia limpa e saudável, com características muito próprias. “Hoje somos uma árvore robusta, cujas raízes alcançam terras distantes. Ela cresceu, amadureceu, floresceu e frutificou. Nossa missão é colher os frutos e disseminar as sementes nos quatro cantos do Mundo, sempre com o objetivo de dar um basta às ações indiscriminadas que ameaçam a flora, a fauna e a própria humanidade”.