Quando Isaac Newton descreveu o que se tornou conhecido como a Lei da Gravitação Universal, no século 17, a capacidade tecnológica de observação do espaço era limitada às lunetas. Ainda assim, a descoberta que se tornou usual para o grande público continua a ser uma das bases para que astrônomos, munidos de telescópios e satélites que flagram de perto galáxias nos confins do universo, solucionem inúmeros mistérios.
Após anos de estudos, um conjunto internacional de astrônomos descobriu uma colisão cósmica dupla como jamais vista antes. Dois dos mais poderosos fenômenos do Universo, um buraco negro supermassivo e a colisão de gigantescos aglomerados de galáxias, se combinaram para criar um acelerador de partículas descrito por eles como excepcional.
A descoberta, que rendeu a matéria de capa da edição inaugural da revista Nature Astronomy, foi liderada pelo astrofísico Reinout van Weeren do Harvard-Smithsonian Center for Astrophysics (CfA), e aconteceu com a colaboração dos brasileiros Felipe Andrade-Santos, também do CfA, co-autor do estudo, e doutor pelo Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas (IAG) da USP; Vinicius Placco, que trabalha na Universidade de Notre Dame, nos EUA; e Rafael Miloni Santucci doutorando do IAG.
Combinando dados do Observatório de Raios-X Chandra (Nasa), e dos radiotelescópios GMRT, situado na Índia, os pesquisadores descobriram o que acontece quando a matéria ejetada por um gigantesco buraco negro é arrastada no processo de fusão de aglomerados de galáxias.
Essa colisão cósmica dupla se encontra no par de aglomerados de galáxias chamados Abell 3411 e Abell 3412, localizados a dois bilhões de anos-luz da Terra. Ambos os aglomerados são muito massivos, cada um com uma massa de aproximadamente um quatrilhão – ou um milhão de bilhão – de vezes a massa do Sol.