Uma equipe internacional de astrônomos descobriu seis novas estrelas “fugitivas”. Até recentemente, apenas 10 dessas estrelas eram conhecidas. Suas trajetórias e velocidade permitirão que um dia deixem nossa galáxia, a Via Láctea. No grupo estão duas estrelas recordes com velocidades mais rápidas do que qualquer outra observada anteriormente.
Essas estrelas, conhecidas como estrelas de hipervelocidade, estão viajando a velocidades que excedem a velocidade de escape de nossa galáxia. A equipe liderada pelo astrofísico Kareem El-Badry, do Harvard-Smithsonian Center for Astrophysics, sugere que as outras quatro são o resultado de supernovas espetaculares do Tipo Ia. As supernovas do tipo Ia são cruciais para medir o universo, pois servem como “velas padrão”.
As descobertas permitiram aos pesquisadores calcular a taxa na qual essas estrelas nascem e determinaram que elas se alinham com a taxa estimada de supernovas do Tipo Ia. No entanto, os cientistas observam que ainda pode haver uma população significativa de estrelas fugitivas de baixa massa ainda a serem descobertas.
Acredita-se que as estrelas de hipervelocidade sejam produzidas por um tipo específico de supernova chamada de supernova de degeneração dupla (D6) dinamicamente conduzida.
Este processo envolve um sistema binário composto por duas estrelas anãs brancas. Se a anã branca puxar material de sua estrela companheira, ela pode se tornar mais massiva e eventualmente atingir a massa crítica conhecida como limite de Chandrasekhar, causando uma supernova Tipo Ia.
Os pesquisadores utilizaram dados da pesquisa Gaia, um projeto que mapeia a Via Láctea com precisão excepcional, para identificar quatro estrelas de hipervelocidade previamente desconhecidas com origem D6. Combinando essas descobertas com 10 estrelas de hipervelocidade previamente identificadas, eles foram capazes de estimar o número de tais estrelas em nossa galáxia com mais precisão. Eles também sugerem que pode haver estrelas de hipervelocidade originárias de outras galáxias presentes na Via Láctea.
Embora existam estrelas mais rápidas na galáxia, como aquelas que orbitam o buraco negro supermassivo no centro galáctico, essas estrelas são ligadas gravitacionalmente e é improvável que deixem a galáxia.
A estrela fugitiva mais rápida conhecida anteriormente tinha uma velocidade de cerca de 2.200 quilômetros por segundo, mas as estrelas recém-descobertas, J0927 e J1235, possuem velocidades de 2.285 e 1.694 quilômetros por segundo, respectivamente.
Ao estudar essas estrelas, os cientistas pretendem determinar a taxa de nascimento de anãs brancas fugitivas de hipervelocidade e obter informações sobre a formação de supernovas do Tipo Ia através do canal degenerado duplo. Mais modelagem e análise são necessárias para refinar as estimativas e compreender completamente a evolução térmica dessas estrelas.