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Clã Roriz tenta emplacar seis candidatos nas eleições de outubro

O clã liderado pelo ex-governador Joaquim Roriz (PRTB), 78, lançou seis candidatos para as eleições deste ano no Distrito Federal. Dois deles disputam uma vaga na Câmara dos Deputados, outros três na Câmara Legislativa local e outra é suplente em chapa ao Senado, informa o Uol.

A família goiana chegou a Brasília no final da década de 1980. Joaquim, um dos caciques da política local, foi nomeado governador em 1988 e exerceu mandato por mais três vezes. No total, foram 14 anos à frente do Palácio do Buriti.

Roriz também foi eleito senador em 2006, mas renunciou cinco meses após o início do mandato quando foi descoberto um esquema de propina envolvendo o banco BRB. Além de Joaquim, sua mulher, suas filhas e sobrinhos também fazem parte do cenário político do DF.

Neste ano, a mulher do ex-governador, Weslian Roriz (PRTB), 72, foi lançada suplente na chapa do senador Gim Argello (PTB-DF), que tenta a reeleição. Gim assumiu cadeira no Senado em julho de 2007 no lugar justamente de Joaquim Roriz, que se afastou da Casa para evitar a cassação, que o deixaria por oito anos inelegível.

Weslian assumiu de última hora o lugar do marido para concorrer ao governo do DF em 2010 a nove dias da eleição, quando a candidatura de Joaquim tinha sido impugnada com base na Lei da Ficha Limpa. Chegou a disputar o segundo turno com o governador Agnelo Queiroz (PT), mas sua breve disputa eleitoral ficou marcada pela atuação inexperiente na política. Em seu primeiro debate na TV, Weslian se atrapalhou diversas vezes — em um ato falho, chegou a falar “quero defender toda aquela corrupção” e depois se corrigiu.

A filha mais velha do casal, a deputada federal Jaqueline Roriz (PMN-DF), 52, tenta a reeleição. Flagrada recebendo dinheiro de um esquema conhecido como mensalão do DEM, a parlamentar sofreu um processo de quebra de decoro no Conselho de Ética da Casa, que recomendou a perda de seu mandato. A penalidade, no entanto, não foi aprovada em plenário e a deputada manteve o cargo.

A família Roriz tenta emplacar três membros na Câmara Legislativa, sendo que dois deles que já ocupam vagas na Casa.

A deputada distrital Liliane Roriz (PRTB), 48, é uma das que tenta a reeleição. A parlamentar, que também é filha de Joaquim, é administradora de empresas e apresentadora de TV. Foi eleita em 2010 com como a quinta mais deputada mais votada.

Na Câmara Legislativa, a parlamentar faz oposição ao governador Agnelo Queiroz (PT), candidato á reeleição, e se define como fiscalizadora dos recursos públicos. A deputada afirma que teve mais de 1.000 proposições em seu mandato e conseguiu aprovar 20 leis, como a que determina que o governo do Distrito Federal divulgue os dados da saúde e a lei que obriga as empresas de ônibus a informar aos passageiros a idade dos ônibus.

Liliane chegou a responder a um processo por quebra de decoro por suspeita de uso irregular de verba para carros da Câmara Legislativa, mas a ação foi arquivada por falta de provas. A parlamentar também é citada no mesmo processo por improbidade administrativa que Jaqueline. Procurada pela reportagem do UOL, a deputada afirmou que as acusações são falsas.

“Acredito que meu mandato tem incomodado, pois estou fiscalizando e apontando os erros deste governo. Estou tranquila em relação a esse assunto, porque sei que são acusações falsas com o objetivo de desestabilizar o meu mandato”, declarou.

O primo de Liliane e Jaqueline, Paulo Roriz (PP), 55, também ocupa uma cadeira na Câmara Legislativa e tenta a reeleição. Ele foi eleito suplente em 2010 e assumiu em 2013 a cadeira do distrital cassado Raad Massouh (PPL), que teria desviado verba parlamentar.

Paulo era do DEM e passou pelo PEN antes de chegar ao PP. Quando assumiu a vaga de Massouh, o DEM chegou a entrar com uma ação contra o parlamentar por infidelidade partidária, mas o TRE-DF (Tribunal Regional Eleitoral do Distrito Federal) manteve o mandato dele.

Reportagem da afiliada da TV Globo no Distrito Federal de julho deste ano mostrou que o deputado usou verba da Câmara Legislativa para carros para alugar uma caminhonete de uma locadora que funciona dentro de seu comitê da campanha.

O deputado afirmou, em nota, que a locadora foi contratada “em conformidade com as diretrizes” estabelecidas pela Câmara Legislativa e que, embora a empresa esteja localizada no mesmo endereço que o imóvel do comitê do candidato, ocupa um terreno comercial com entrada distinta. O parlamentar disse ainda que não foram constatadas irregularidades ou impedimentos legais para a locação do veículo ou para o funcionamento da locadora no mesmo imóvel do comitê. Segundo a nota, o veículo foi devolvido à locadora e o contrato foi suspenso no início do mês de julho.

O também sobrinho de Joaquim Dedé Roriz (PRTB), 37, chegou a se candidatar em 2010 para uma vaga de distrital, mas desistiu durante a campanha. Entrou na corrida eleitoral deste ano, mas a Procuradoria Eleitoral do DF impugnou sua candidatura por falta de prestação de contas em eleição anterior. O TRE-DF ainda vai julgar a legalidade de sua candidatura.

Em 2006, Dedé concorreu a uma vaga na Câmara dos Deputados, mas não foi eleito. Já foi do PTB, mas migrou para o PRTB em 2010 junto com o tio e já foi da líder da ala jovem do partido. Em seu site, se descreve como “o primeiro Roriz que se candidata a uma vaga na Câmara Legislativa que nasceu em Brasília”.

O deputado distrital Chico Vigilante (PT), que faz oposição à família Roriz, afirmou que a tentativa de emplacar seis candidatos é uma volta ao passado. “Eles estavam querendo voltar aos tempo das capitanias hereditárias. Não dá para tratar os eleitores como um gado, eles querem ainda manter uma política coronelista. São pessoas, que com rara exceção, não tem nenhuma proposta para a população. Isso desmoraliza a política”, opinou.

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