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Os enamorados

Cleide, Renê e o ‘xis’ de comilança e ódio

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Autor/Imagem:
Eduardo Martínez - Foto Reprodução

Lá estávamos o José Seabra, o Mathuzalém Júnior, o Wenceslau Araújo e eu degustando o costumeiro café Gourmet no nosso ponto semanal de encontro em concorrida padaria da Asa Norte. Eis que o Wenceslau pede uma porção de salgadinhos àquela hora, quando o meu estômago só aceita café. Isso me fez lembrar de uma história ocorrida em Porto Alegre. Meus companheiros de Notibras, curiosos até a última instância, quase me obrigaram a abrir o bico ali mesmo.

Cleide e Renê formavam um dos casais mais invejados de um dos tradicionais bairros de Porto Alegre, o Menino Deus. Relativamente jovens, ela ainda não contava com 40, enquanto ele há pouco havia ultrapassado a barreira dos 50. Pareciam felizes, ainda mais porque continuavam a sair de mãos dadas pelas largas ruas da cidade.

Poucos sabiam, no entanto, que os dois eram seres humanos muito competitivos. Não gostavam de perder, mesmo que fosse em uma simples adivinhação de qual a cor da blusa da próxima pessoa que iria cruzar a esquina. Todavia, esse espírito de competição não os afastavam. Pelo contrário, eram cada vez mais unidos, tipo queijo e goiabada.

Apaixonados por futebol, torciam ferozmente para o mesmo time. Aliás, essa foi a desculpa que os aproximou há quase uma década, quando os dois estavam sentados em mesas próximas em um bar durante uma final de campeonato. Foi pouco depois de um lance de quase gol que aqueles dois trocaram olhares pela primeira vez.

Não tardou, lá estavam novamente no mesmo bar assistindo a outra partida de futebol. Atrevida, Cleide fez questão de escolher uma mesa ainda mais perto da que Renê já se encontrava. Ele até pensou em convidá-la para se juntar ao grupo, mas lhe faltou coragem ou, como alguns preferem, a timidez o impediu de tal intento.

Restou à Cleide a tarefa de tomar a iniciativa. Assim que o primeiro tempo terminou, ela se levantou e, olhando diretamente para os olhos do seu alvo, foi até a mesa ao lado. Ela se apresentou e disse que havia se encantado com a semelhança dele com a do ator Robert Redford. Renê sorriu e, finalmente, a convidou para se sentar ao seu lado.

A atração entre os dois foi tamanha, que mal esperaram o jogo terminar. Foram direto para o motel mais próximo, onde se amaram até a manhã seguinte. Não trocaram promessas, apenas os números dos telefones. E foi o que bastou para que logo se envolvessem de maneira tão intensa, que não suportavam mais a ideia de morarem separados.

Juntaram os trapos e, desde então, se amam cada vez mais. Todavia, ainda guardam aquele sentimento de competição, como aconteceu num dia desses, quando estavam naquele mesmo bar assistindo a outra final do time do coração. Pediram um xis, que é uma espécie de rei dos sanduíches. Enorme!!! Renê, com os olhos enfastiados, passou a mão na barriga.

– Ah, se eu comer mais um pedaço, explodo!

– Você é fraco! Te falta ódio!

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