Dona Cristina é cobradora de ônibus há 15 anos; atualmente trabalha na Viação São José. Na linha 335, faz o percurso W3 Sul – Setor P Norte – W3 Sul (via EPTG). Mas ela vai além das suas obrigações. Ajuda, por exemplo, usuários de transporte público, como o senhor Cleudo, portador de necessidades especiais, a se acomodar no seu lugar.
Sua profissão – e seu emprego -, porém, estão em risco. Culpa do Governo do Distrito Federal, que está impondo uma medida extremamente prejudicial, com a eliminação do pagamento de passagens de ônibus em dinheiro.
Decisões dessa natureza só interessam aos gananciosos proprietários de empresas de ônibus. Levam à demissão de centenas de trabalhadores que são preparados para trabalharem como cobradores. E que terão, portanto, grande dificuldade para se recolocarem no mercado de trabalho.
Mas, se você usa ônibus, sabe que a vítima dessa desastrada decisão pode ser você. O trabalho do cobrador vai além da cobrança das passagens. Colocados do lado direito dos ônibus, não é raro ajudarem os motoristas a terem noção de situações do trânsito nem sempre ao perfeito alcance da visão de quem está ao volante.
Além disso, é muito comum ajudarem passageiros com menor mobilidade, como portadores de deficiência, idosos, mães com bebês ou mesmo quem eventualmente tem excesso de bagagem. Para não falar em orientações aos passageiros sobre localização no itinerário, onde devem descer e conexões de linhas, entre outras. Afinal, é proibido conversar com os motoristas, não é verdade?
Nada disso é considerado pelas autoridades do Palácio do Buriti, para quem só importa beneficiar os já milionários empresários do setor. Pois os cobradores são, sim, indispensáveis. Fica a esperança de que alguma autoridade se sensibilize com a insatisfação popular e consiga interferir para deter essa irresponsável decisão. Mesmo porque., além de ajudar passageiro, cobrador ajuda em casa, levando comida para a sua prole.