‘Coisa de maluco’, diz promotora sobre inquérito de Nem da Rocinha e mulher
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emO processo em que Antonio Francisco Bonfim Lopes, o Nem da Rocinha, e sua mulher, Danúbia de Souza Rangel, foram absolvidos da acusação de associação ao tráfico de drogas, na semana passada, reúne fortes críticas ao inquérito da Polícia Civil. De acordo com a promotora de Justiça Marisa Paiva, o documento se resume a “uma coisa de maluco, impossível de entender”. Além disso, ela contou que as informações estavam “completamente dispersas” e que foram “reunidades de forma totalmente desorganizada”.
Nesta ação, Nem era acusado de continuar sendo o chefe do tráfico na Rocinha, mesmo depois de ser preso em uma penitenciária de segurança máxima, no Mato Grosso do Sul. Já Danúbia era suspeita de repassar as ordens do marido após visitá-lo na cadeia. Nesta terça-feira, ela foi solta e ele continua preso por ter sido condenado, em 2013, a 20 anos de prisão por associação ao tráfico e lavagem de dinheiro.
A sentença de absolvição mostra que um agente infiltrado, que esteve à frente das investigações entre os traficantes da Rocinha, disse que o tráfico na comunidade era comandado por Nem. No entanto, a promotora ressaltou que “as informações não foram corroboradas por interceptação telefônica ou outras provas”. Ela afirmou ainda que “acredita que apenas a palavra do agente não é suficiente para comprovar a ligação de Antonio ou Danúbia com o comando do tráfico”.
A promotora contou ainda que o vídeo gravado pelo agente, de uma possível reunião entre traficantes, estava em “péssima qualidade” e que foi “imprestável” para as investigações. Segundo ela, “o vídeo estava escuro e somente conseguiu visualizar o braço de alguém”. Além disso, Marisa Paiva afirmou que o relatório elaborado pelo delegado substituto Ruchester é “duvidoso” e que “desconfia completamente dos relatos”.
Procurada, a Polícia Civil informou que o inquérito foi conduzido pela 15ª DP (Gávea) e, durante todo o procesidmento, o Ministério Público “acompanhou as investigações e entendeu ter elementos suficientes para oferecer a denúncias dos envolvidos”.
Além disso, a polícia disse que as “delegacias buscam constantemente a integração com as demais instituições, visando o esclarecimento dos fatos e a busca da verdade. Fica a cargo do Ministério Público se manifestar caso investigação não tenha alcançado evidências suficientes para que a Justiça decida pela condenação”.