Marta Nobre e Felipe Meirelles
Sinistro. É de arrepiar, para dizer o mínimo. É assim que está sendo comentado um novo trecho do depoimento que Nestor Cerveró prestou à força-tarefa da Operação Lava Jato, em Curitiba.
Ex-diretor da BR Distribuidora e preso por receber e repassar milhões de reais em propinas no escândalo do Petrolão, Cerveró envolveu no esquema, no depoimento em questão, os senadores Renan Calheiros (PMDB) e Fernando Collor (PTB), ambos de Alagoas.
Houve determinada situação que deixou Renan Calheiros chateado, no episódio em que, diz Cerveró, Fernando Collor mandou a Petrobras transferir 1 bilhão de reais para os usineiros, a título de antecipação de safra.
No depoimento, Cerveró diz que o pleito não foi atendido. Depois, ele ficou sabendo que Collor conseguiu que o Banco do Brasil emprestasse 50 milhões de reais para um grupo de produtores de açúcar e álcool de Alagoas.
Quando tomou conhecimento dos boatos do suposto repasse de 1 bilhão, Renan mandou chamar Cerveró ao Senado, de quem cobrou explicações. Na ocasião, revelou o ex-diretor da Petrobras, foi dito a Renan que a Petrobras não antecipara, como não anteciparia, nenhum centavo. Mas, ponderou, saíram 50 milhões do Banco do Brasil.
“Ah!”, teria dito Renan, surpreso. E completado: é por isso que a campanha dele (de Collor, ao governo de Alagoas), estava ‘bombando’.
O depoimento de Cerveró foi colhido pelo delegado da Polícia Federal Filipe Hille Pace e pelos procuradores da República Fábio Mangrinelli Coimbra e Rodrigo Telles de Souza.
Procurados por Notibras, os senadores Renan Calheiros e Fernando Collor não retornaram as ligações, até o fechamento desta matéria.
Notibras teve acesso a uma cópia do depoimento original, que pode ser acessado no link a seguir: