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Colocando a mão na massa e voltando do lixo para o luxo

Foto/Divulgação

Bianca Barbato fundou seu estúdio de design em 2007 no Rio de Janeiro onde morou por 7 anos. Antes disso trabalhava com cinema. Em 2009 voltou para São Paulo e não parou mais de produzir, apesar de não possuir formação acadêmica.

“Tudo o que sei aprendi colocando a mão na massa, desenvolvendo protótipos por conta própria e por erros e acertos”, conta ela que este ano participou da SP-Arte.

Leia a rápida entrevista:

Tiragens limitadas ou produção em larga escala?

Não faço restrições. Gosto e aprendo com o processo de construção e também me envolvendo em cada etapa de produção, da criação à parte comercial. Desenvolvo tanto peças em edições limitadas, por conta própria, no estúdio, como também para grandes marcas como Allez, Ville Art e Breton. A procura tem vindo de diferentes formas e de maneira espontânea e fico feliz que seja assim. Hoje em dia as lojas e indústrias estão bem mais abertas para o desenho autoral e o acesso que temos está muito mais viável à indústria e à tecnologia. Ao mesmo tempo, as fábricas, lojas e consumidores estão buscando inovações também. Vejo um momento de expansão apesar da crise política que estamos vivendo. Como trabalho com muitos materiais, posso dizer que o que gostaria de fazer hoje é o que ainda não fiz, o que é novo para mim. O resto já está bem encaminhado.

Como seleciona os materiais que vão compor suas peças?

Experimentar é sempre um prazer. Por isso estou sempre explorando novas possibilidades e aprimorando outras. As vezes dá certo as vezes não, faz parte. Meu desenho sempre vem de um rabisco. Gosto de adequar o esboço pensado em um material a outro completamente diferente. A gente nunca sabe no que vai dar e isso é muito desafiador. Algumas influências têm origem na curiosidade de como se faziam as coisas antigamente e me desdobro com as tecnologias que temos hoje, cada vez mais acessíveis. Mas mesmo utilizando métodos industriais como suporte, eles são só uma ponte para simplificar minha produção junto ao artesão com quem trabalho. A revolução da indústria e a produção mecânica em massa só faz crescer, e acho que tem que vir acompanhada de uma linguagem própria senão fica tudo pasteurizado, sem identidade, sem qualidade, massificado. Essa mecanização me faz refletir no modo de pensar os objetos e sobre o que busco dentro destas qualidades e materiais na qual me identifico, querendo sempre ir pra além disso tudo.

Sua atenção se voltou para o brilho. Por quê?

Sim, o brilho dos metais e espelhos sempre me fascinou. Trabalho com eles por questão de afinidade mas não exatamente pelo brilho, mas pela possibilidade de brincar com tridimensionalidades, geometrias, texturas, sombras, reflexos, com o lúdico enfim. Os materiais e técnicas geralmente são os protagonistas e meu ponto de partida. Em 2015 lancei diferentes linhas de pensamento em coleções bem conceituais de mobiliário e acessórios, usando materiais e técnicas na qual eu não estava habituada até então, como os metais cobre, latão, aço, azulejos, marcenaria, cerâmicas, mármore, entre outros. Em 2014 tirei um ano sabático de desenvolvimento e fui produzindo protótipos em silêncio por conta própria, até que lancei tudo de uma vez na Paralela Móvel em 2015. Tive uma aceitação enorme por todos os lados e de lá fui para Milão.

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