Estendendo-se do Largo da Batata à marginal do rio que o batiza, o bairro de Pinheiros é hoje um dos mais cobiçados de São Paulo. Não causa estranheza, portanto, que o casal de empresários Bruno e Mayla tenha se mudado para a região para ocupar um antigo sobrado geminado que pertence à família dela há três gerações. Desde, claro, que o imóvel pudesse se adaptar ao estilo de vida dinâmico do casal, que aprecia a atmosfera bucólica do bairro, mas, igualmente, as comodidades da vida moderna.
Apesar dos 99 m² de lote, contornar as limitações de uma fachada estreita, com apenas 3,6 m de largura, foi o primeiro desafio que se impôs aos arquitetos do estúdio BRA, responsável pela reforma. “Tivemos de demolir tudo. A parte mais complicada foi a fundação, porque envolvia a sustentação das paredes dos vizinhos”, explica Rodrigo Maçonilio, que assinou o projeto, ‘em família’, ao lado do sócio André Di Gregorio, irmão do proprietário.
Solucionar de forma rápida a estrutura da casa foi o próximo passo. Para tanto, a dupla optou por estruturar a construção com vigas e pilares metálicos, que, por sua vez, orientam a distribuição dos três pavimentos: o térreo, com área de jantar, living e um jardim com churrasqueira; o superior, com suas duas suítes; e um terraço com vista privilegiada para o edifício do Instituto Tomie Ohtake, importante centro cultural e marco arquitetônico paulistano.
Os muros da entrada e a parede de tijolos brancos na área social foram mantidos como forma de preservar a memória das outras gerações. “É um contraste mais brutalista em relação ao ‘morar contemporâneo’ que quisemos trazer para o casal”, analisa Maçonilio. Uma vez pronta a estrutura, chegou a hora de definir os pisos. Dividindo as atenções com um piso de madeira cumaru que ocupa as salas de estar e jantar, ladrilhos hidráulicos em tom de rosa delimitam o espaço da cozinha.
“A casa anterior era muito segmentada, fechada. E, por estar encurralada em meio a outras duas, oferecia pouca iluminação natural”, detalha o arquiteto, que resolveu a questão com duas grandes portas de vidro: uma na entrada da casa e outro no acesso a área externa. Na prática, um quintal com jardim, planejado em detalhes pela paisagista Flávia Tiraboschi.
“Nós queríamos colocar uma árvore de dois metros no local, quando o Bruno nos avisou que tinha comprado uma jabuticabeira de mais de quatro metros. Enorme!”, lembra Maçonilio, aos risos. Assim, como não era possível entrar com a árvore pela porta da frente, o casal precisou de uma autorização especial da Companhia de Engenharia de Tráfego (CET) para poder fechar a rua e erguer a planta com um guindaste. “Até os vizinhos pararam para ver esse momento”, ele brinca.
Xodó da família, o border collie Guga, já devidamente à vontade na nova casa, também deixou sua marca na decoração. O pet ganhou uma casinha na área de entrada e uma cama entre os lances de escada, que dão acesso às duas suítes no pavimento do meio e ao ‘terraço-jardim’ na cobertura, onde o verde também se faz protagonista.
“Por enquanto deixamos espaço para uma mini-horta, um gramado e duas cadeiras de descanso”, conta Maçonilio. “E, no futuro, pensamos em aproveitar a área para dispor painéis de captação de luz solar e gerar energia para a casa”, destaca Bruno. Uma demanda, por certo, completamente alheia aos primeiros moradores da casa. Mas super afinada com a sua terceira geração.