Notibras

Com pandemia, tirania ameaça democracia

Dizem que a liderança é uma característica da personalidade do indivíduo. Apesar de concordar parcialmente com esta premissa, acredito que todos podemos desenvolver nossas habilidades de liderança. Mesmo os que já têm essa característica no sangue devem realizar um esforço para usá-la corretamente.

E como liderar, à medida que a pandemia de coronavírus interrompe o mundo, e os cidadãos ansiosos exigem ação; encontramos uma barreira no caminho, pois estamos em uma era de líderes autoritários, homens fortes como Bolsonaro, Trump, Erdogan e Orbán, pois governos em todo o mundo gravitam em direção a líderes populistas.

Esses líderes governam apelando a uma base estreita de apoiadores fiéis, alienando todos os que os rodeiam que não concordam com eles e apresentando o mundo em termos de um jogo de soma zero.

Nosso Brasil, por exemplo, a ascensão do presidente Bolsonaro deve ser vista em relação à grande decepção com um governo de esquerda, e foi auxiliada por uma classe trabalhadora e média frustrada que viu em sua eleição a promessa de um novo bem-estar econômico.

Evidente que isso repete um padrão histórico; quando enfrentamos dificuldades, as populações tendem a delegar responsabilidades e a procurar um líder que possa (ou pelo menos prometa) recuperá-las para tempos melhores. No entanto, é uma má ideia e não apenas para a democracia, também é terrível para a economia.

Tudo isso é bem conhecido, mas estou me perguntando por que as pessoas parecem atraídas por esse tipo de liderança.

No Brasil, mesmo agora, com um desligamento economicamente prejudicial do governo, a base de eleitores do Presidente Bolsonaro continua a apoiar. Pessoal, nós estamos caminhando para à beira do penhasco. Enquanto parece que as pessoas tendem a caminhar junto a um homem forte no poder para consertar seus problemas econômicos, e o pior, que não são tão rápidas em se livrar dele se a economia não melhorar.

Estou, portanto, imaginando a discrepância entre o tipo de liderança que queremos na vida cotidiana e a liderança na política hoje.

Mesmo que os regimes autoritários paguem por seus desempenhos econômicos ruins, leva muito mais tempo para que eles percam o apoio popular e sejam depostos do poder do que em uma democracia em circunstâncias econômicas comparáveis.

Muitos pensadores definem que autocratas com efeitos positivos são encontrados, na melhor das hipóteses, tão frequentemente quanto o previsto pelo acaso, enquanto autocratas com efeitos negativos são encontrados em abundância.

O que acontece é que na maioria das vezes os homens fortes em geral deixam a economia de um País pior do que a encontravam, ou simplesmente pegam onda de um crescimento econômico que teria acontecido independentemente de seu governo.

O crescimento não é a única métrica econômica que os autocratas não cumprirão. Eles também ficarão aquém do emprego, gastos com saúde e educação e dívida do governo.

Voltando ao nosso Brasil, não está claro se o Presidente Bolsonaro advoga em nome de sua base de apoio, dado suas políticas prejudiciais (não baseadas em evidências). Talvez o apoio a líderes autoritários seja puramente instrumental, pois as pessoas buscam obter ganhos a curto prazo.

A diversidade supera a capacidade de argumentar que a democracia é mais eficaz do que governar pelas elites, porque a democracia incorpora os interesses e as perspectivas de muitas pessoas.

As perguntas que não se calam…

Você prefere ser governado por um autoritário do tipo caminhando à beira da estrada que, pelo que você sabe, instala políticas desastrosas e contraproducentes, e que aliena aliados em potencial em vez de construir alianças em potencial?

Ou seria melhor ter um líder que ouça você, mesmo e principalmente em situações difíceis?

Será que em tempos difíceis, os primatas tendem a aceitar e seguir a autoridade de um macho alfa?

Dessa forma, a atração duradoura de líderes autoritários permanece intrigante para mim.

Pense nisso.

Sair da versão mobile