Mais do mesmo
Com prisões cheias, povo evita ato por estar cansado de chiliques
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Mais um ato de Jair Messias Bolsonaro. Mais um fracasso de Jair Bolsonaro. Sem entrar no mérito da falta de ânimo da direita e da expectativa da esquerda, o fato é que essa loucura pelo poder e a necessidade de mostrar ao grande público um perfil que não é dele já encheu o saco da maioria do povo brasileiro. Se a ideia é mostrar liderança a seus seguidores e força àqueles que duvidam do governo Lula, o caminho não deveria ser esse tipo de aparição. Além da inelegibilidade, a eleição presidencial ainda está muito longe para esse tipo de aparição.
Na prática, o esvaziamento do ato comprovou que a manifestação foi um tiro com supostos alvos, mas, no fim e ao cabo, atingiu somente os próprios agressores. Em resumo, o tiro parece ter atingido somente o pé de Bolsonaro. Sem entrar no mérito da falta crônica de ânimo da direita e da expectativa da esquerda, o fato é que essa loucura pelo poder e a necessidade de mostrar ao grande público um perfil que não é dele já encheu o saco da maioria do povo brasileiro. Portanto, ou ele se acalma ou dificilmente alguém vai tirá-lo para dançar em 2026.
Por enquanto, entre uma e outra manifestação, nada de novo. É sempre a mesma coisa. No máximo, é mais do mesmo. É Jair criticando Alexandre de Moraes e os demais ministros do Supremo Tribunal Federal, Silas Malafaia destilando ódio contra todos que se opõem a seu discípulo satânico e os “patriotas” dispostos a matar e a morrer gritando palavras de ordem na direção dos que defendem o governo federal.
Sem consistência nacional, mas bajulatória e enlouquecidamente esperando as migalhas bolsonaristas para se cacifar a uma ainda improvável candidatura ao Palácio do Planalto, o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, atira a esmo tentando atingir o presidente Luiz Inácio. Em comum, o discurso anencéfalo pela anistia dos condenados de 8 de janeiro de 2023. Todo o problema e toda a confusão têm como razão a derrota de 2022. Com todo respeito à insistência humana em achar certo o que é errado e a não aceitar o poder e o sucesso de outrem, idolatria é qualquer coisa acima de Deus.
Seja de direita, de esquerda, goleiro, zagueiro, meio campista ou centroavante, nenhum homem é digno de idolatria. Pior ainda são aqueles que se entregam a ídolos que trazem mal cheiro, cegueira e ofensas aos semelhantes. Os verdadeiros ídolos não morrem. Eles partem sem nos dizer adeus. É por isso que confio em Deus, mas o Deus de todos e não aquele que alguns imaginavam em cima de nós. Não tenho ídolos. Tenho admiração por trabalho, dedicação e competência.
Também tenho pessoas com as quais simpatizei ou simpatizo. Tudo sem chiliques, tietagem, gritinhos histéricos, fanatismo, tesão, fetiches ou, me perdoem os pais e mães, frescuras. Pelo sim, pelo não, lembro que mitos e pastores promovem uma dependência decadente de sentimentos mórbidos ou é próprio de ovelhas bajuladoras que, na ausência de bons pensamentos, torcem até pela morte do papa Francisco. Escolham o lado e se manifestem, mas aguardem chegar a vez de vocês. Manifestação por manifestação não leva a lugar algum. Pelo contrário. Ela acaba virando mais um espetáculo sem graça e sem repertório.
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*Mathuzalém Júnior é jornalista profissional desde 1978
