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‘Combater nazifascismo é obrigação dos democratas’

Brasília (DF), 08.01.2023 - Manifestantes golpistas invadem o Congresso Nacional, STF e Palácio do Planalto. Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

Dados do Ipec, o antigo Ibope, revelam que, em uma escala de zero a 100, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva alcançou 50 pontos no chamado Índice de Confiança Social (ICS). É claro que a expectativa é de que os números subam expressivamente até o fim do ano, quando, depois de décadas de expectativas, o governo começa a aproveitar as vantagens oferecidas pela Reforma Tributária. A bola está com o Senado Federal, que provavelmente iniciará a análise do texto aprovado pela Câmara dos Deputados nos próximos dias ou semanas. A aprovação da reforma é fundamental para que, além da perenidade econômica, o país consiga reverter os danosos efeitos sociais herdados da administração que se perdeu na poeira.

Mesmo abaixo do sonho dourado da maioria dos defensores da paz e da alegria, os percentuais são nove pontos maiores do que os registrados por Jair Messias em 2022, último ano do governo e justamente o período em que ele mais investiu na imagem presidencial. De acordo com o Ipec, a pontuação do governo Lula atingiu 52 pontos. Com 66 pontos na escala do instituto, o povo nordestino é o que mais confia no presidente. Entre os eleitores evangélicos e das classes A e B, Luiz Inácio obteve 43 e 39 pontos, respectivamente. Nada mal para um líder que chegou a ser excomungado pelos terrivelmente tementes a Deus e pela elite emburrecida e louca por nacos do poder.

Com Bolsonaro distante do cenário, as Forças Armadas, com 66 pontos, recuperaram espaço e já ocupam a terceira posição no ranking de confiança social. Curiosamente (ou não), na rabeira da pesquisa estão os sindicatos (48), o Congresso Nacional (40) e os partidos políticos (34). Apesar do otimismo popular e da certeza de que a esperança empurrará o medo para o inferno pintado pelos bolsonaristas, ainda há muito por fazer para que o Brasil alcance a plenitude da civilidade, da tolerância e, principalmente, do Estado Democrático de Direito. Como disse aqui mesmo neste espaço o analista Roberto Amaral, o povo precisa ajudar Lula da Silva a tirar o poder das mãos dos derrotados.

A tarefa pode não ser fácil, mas não é impossível, como não foi mostrar ao ex-presidente e seus seguidores que a maioria do eleitor brasileiro não compactuava com o atraso político pretendido por ele. O Brasil de hoje não aceita mais compromissos exclusivos com banqueiros e empresários, tampouco com a elite conservadora e, por consequência, exploradora. Depois de quatro anos alijado de todo o processo evolutivo do país, o trabalhador também quer participar das decisões. É esta a proposta do governo Lula.

O problema é que a receita dos projetos vanguardistas não é a mesma de um pão caseiro. Muito mais do que a inelegibilidade do suposto mito, há necessidade de expurgos mais eloquentes no combate ao nazifascismo do século 21 que, conforme o ministro da Justiça, Flávio Dino, mata crianças em escolas, destrói prédios públicos e se acha autorizado a agredir pessoas, públicas ou não, apenas por questões políticas. Sei que não adianta pregar contra o ódio disseminando ódio. No entanto, também sei que não há hipótese de pacificar o país com tantos bolsonaristas soltos e armados por aí.

Daí, a razão do apoio da massa ao freio de Lula à corrida armamentista criada, estimulada e financiada pelo ex-presidente recentemente banido da vida pública. Portanto, que não fiquemos somente no Jair. O Brasil é de todos, desde que esse todo deseje efetivamente se dissociar da selvageria insana gerada pelos pseudos salvadores da pátria. Considerando que as agressões ao ministro Alexandre de Moraes e família não devem ser avaliadas como fato isolado, que elevemos à potência máxima a tese de que toda ação gera uma reação. Nós e o Poder Público não podemos permitir que desordeiros ofendam pessoas nas ruas apenas por questões políticas. Por isso, fecho com Luiz Inácio, que, depois de Bolsonaro, agora trabalha para derrotar a violência desmedida e imbecilizada do bolsonarismo.

*Mathuzalém Júnior é jornalista profissional desde 1978

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