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Comércio espera vender mais na Copa, mas ‘amarelinha’ encalha

Mural pintado pelas artistas Afolego, Sarah Lorenk e Clara Leff para a Copa do Mundo Feminina, em Brasilândia, zona norte.

No maior comércio em geral, os comerciantes dizem que as vendas de itens para a Copa do Mundo do Qatar ainda estão fracas, mas a expectativa é que aumentem nos próximos dias. A Copa de 2022 terá início no dia 20 de novembro. Uma coisa eles admitem: desde o domingo, 30, quando Lula foi leito presidente da República, a venda de camisa da seleção caiu drasticamente.

Proprietário de uma loja especializada em artigos esportivos, João Abdala afirmou que ainda não vê muita movimentação para a compra de artigos para o Mundial. “A nossa expectativa é que as vendas comecem a engrenar a partir do final dessa semana, passando esse feriado, acredito que o assunto comece a ser um pouco mais falado, junto com a convocação [da seleção] na semana que vem. Esperamos que as pessoas voltem a comprar como compravam nas últimas Copas”, disse.

Para ele, as eleições podem ter atrasado as vendas. “Este ano está um pouco mais, vamos dizer, atrasado. Está muito próxima a Copa e ainda não teve tanta movimentação, provavelmente devido às eleições, mas agora, as eleições passando, a gente espera que as vendas se intensifiquem bastante”.

Com a proximidade do Mundial, Abdala vende, principalmente artigo comemorativos do mundial. “O clima eleitoral está arrefecendo e esperamos vender cerca de 80% do que vendemos na última Copa, já é menor a expectativa, porque essa alocação do evento para o fim do ano mexeu com o que as pessoas já estavam acostumadas. Sendo realista, não vai ser tão bom quanto as últimas, mas vamos trabalhar muito para superar.”

O comerciante José Valdecir também espera que o fim das eleições alavanque as vendas. “Acredito que agora vai chegar uma média de 80 a 90% a mais. A ‘política’ terminou, então, a gente espera que o comércio volte ao normal. Há uns dois meses, o pessoal tinha receio de comprar uma camisa amarela, mas acho que a vendas estarão voltando. O povo tinha medo de vestir essas camisas, por causa do receio da política que estava ficando como fosse uma guerra. Espero que isso termine em paz, o povo quer trabalhar”.

Há um ano, depois de perder um outro negócio durante a pandemia, Valdecir montou uma loja especializada em camisas de times de futebol. As camisetas custam de R$ 45 a R$ 180. “A gente espera que o comércio melhore, a gente está passando um momento muito difícil nesse pós-pandemia, agora que está engatando. Estamos esperando uma reação para poder pagar as contas”.

Já Clodoaldo Mateus Santos de Souza, dono de um comércio informal, espera vender 90% a mais com os artigos da Copa, como camisas, bonés, faixas e até roupas para animais de estimação. Souza vende camisetas a partir de R$ 30, sendo a mais cara R$ 90.

“Não estão ruins as vendas, mas também não está aquilo que a gente está acostumado na Copa dos anos anteriores. E também o público estava com esse negócio de amarelo é de um partido e, na realidade, nossas camisetas, as tradicionais verde e amarela, são as cores do nosso país.”

Prejuízo
Apesar do otimismo dos comerciantes, o economista Ulisses Ruiz de Gamboa, lembra que o evento não costuma ser bom para o varejo. “A Copa do Mundo é um evento que, de maneira geral, é ruim para o varejo como um todo, pois, principalmente nos dias de jogos do Brasil, os estabelecimentos fecham no horário das partidas e reabrem após o fim do jogo.

Gamboa recordou que, na Copa de 2018, o comércio teve prejuízo de 25% no faturamento, durante a primeira fase do torneio. “Resultado similar também aconteceu na Copa de 2014, mesmo tendo sido realizada no Brasil, o que atraiu importante fluxo de turistas”.

Neste ano, lojistas mais tradicionais estimam uma perda de faturamento de 50% a 70% para os estabelecimentos comerciais. “Evidentemente, setores do varejo como eletroeletrônicos, principalmente TVs, além dos artigos esportivos e bares/restaurantes poderão registrar elevação nas vendas, mas trata-se de fenômeno pontual”, destacou o economista.

Com a proximidade da Black Friday, data comercial com promoções e descontos, as vendas podem compensar os dias fechados, afirma Gamboa. “O fato de a Copa do Mundo começar a menos de uma semana da Black Friday deverá provocar uma antecipação das ofertas e promoções que seriam oferecidas para esses produtos, o que poderia reduzir as perdas do comércio”, finalizou.

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