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Comida caseira pode causar problemas para os pets

Foto/Divulgação

Mariana Alves, Edição

Se você costuma alimentar seu cãozinho com comida caseira ou sobras – é melhor começar a repensar esse hábito. A médica veterinária nutróloga de cães e gatos, Carla Maion, alerta que o hábito de fornecer alimentos do prato ou sobras de mesa para os pets é o principal influenciador para o que conhecemos por “apetite caprichoso”, ou seja, os pets passam a não aceitar a refeição à base exclusivamente de ração e passam a exigir sempre algum petisco a mais. Esta prática pode trazer riscos pois existem alimentos humanos que não são indicados para cães e que podem desbalancear os níveis de nutrientes da dieta

O seu cãozinho rejeita a ração? Nesse caso, a sugestão da veterinária é umedecer a ração com água morna, sachê ou caldo natural de carne ou legumes (sem tempero) com a intenção de deixar o alimento com mais aroma e textura mais interessantes para o pet. “Existem também apresentações de alimentos completos e balanceados na forma de patê, sachê, pedaços ao molho ou caldos e estes, podem sim ser adicionados ao alimento seco comercial (ração) sem intercorrências”, recomenda a profissional.

A veterinária defende que a adaptação do alimento comercial em alimento caseiro pode até ser uma saída para um cãozinho que demonstra resistência à ração comercial, “mas desde que o tutor siga todas as instruções que o especialista veterinário prescrever, desde quantidades, tipos de ingrediente, forma de preparo e suplementos”, pondera a especialista

E se a dieta do seu cãozinho é baseada em um combo de comida caseira mais ração, saiba que não é indicado e pode haver complicações. Segundo a especialista, esta combinação pode trazer riscos, pois o tutor em geral perde a proporção entre as frações e acaba oferecendo mais daquilo que o pet gosta mais, sem ajustar as suplementações. Mas, quando sob orientação do médico veterinário especialista em nutrição, esta combinação pode ser feita e acompanhada, caso seja necessária de fato.

Além disso, alguns hábitos do próprio tutor podem alterar e influenciar a alimentação do pet, “o sedentarismo do tutor está ligado ao do pet bem como o ganho de peso está diretamente associado aos altos níveis de sobrepeso e obesidade em cães e gatos”, explica Carla Maion. Outro ponto é o consumo e a oferta de snacks pobres em níveis nutricionais, por parte do tutor e do pet. Há ainda padrões de comportamento ou até mesmo distúrbios que os pets podem “copiar” do tutor, como: ansiedade, compulsão alimentar, hiporexia por estresse, colite por estresse, entre outros.

Se tratando do mix de rações diferentes, a mistura não é recomendada, a veterinária explica que quanto mais estável for a dieta, melhor. “Em geral, devemos mudar a dieta dos pets 2 vezes ao longo da vida: filhote – adulto e adulto – idoso. Fora estes momentos, apenas se houver alguma intercorrência que leve à necessidade”, explica Carla Maion.

A veterinária indica também o uso de “petiscos não convencionais” combinados com a ração. Petiscos não convencionais são os não-industrializados e baseados em alimentos humanos que geralmente temos em casa e são seguros. Podem ser eles: maçã, pêra, melão, melancia, cenoura, chuchu ou abobrinha cozidos, pepino, água de coco.

Entre os alimentos específicos para animais os mais indicados para tornar a alimentação mais atrativa ao cãozinho, segundo a nutróloga são os aditivos que incrementam em umidade, em proteína ou em gordura os alimentos secos, os deixam mais atraentes para os pets. São exemplos respectivamente: água morna, caldo natural de legumes ou carnes, creme de leite, requeijão (de preferência SEM lactose), petiscos e biscoitos , sachês ou patês comerciais para cães e para gatos.

Quando perguntamos sobre os principais problemas de saúde que uma dieta inadequada pode produzir, “os problemas de saúde ocorrem a depender do que está em excesso ou em deficiência na dieta inadequada, mas podemos citar a obesidade no excesso de calorias, osteopatias na deficiência de minerais, alterações digestivas e enzimáticas no excesso de gorduras, diarreia e má absorção no excesso de fibras, entre outros”, explica a nutróloga.

Quanto aos alimentos que não devem ser oferecidos ao animal sob risco de intoxicação ou problemas de saúde, a especialista alerta que são eles: ossos naturais ou de raspas de couro, abacate, carambola, chocolate, uvas, alho, cebola, bebidas com cafeína, bebidas alcoólicas, pimentas, cebolinha, alho-poró e as oleaginosas.

A dica geral para que os tutores garantam uma boa alimentação aos seus cães, passa pelo processo de compreensão de que a nutrição está ligada à manutenção das defesas naturais, a boa saúde e na longevidade dos pets. “Busque sempre oferecer ao seu pet o melhor alimento que seu orçamento permitir. Isso é um investimento a curto e a longo prazos. A oferta de petiscos inadequados pode ser facilmente corrigida se o tutor for conscientizado dos riscos que podem causar nos pets”, recomenda Carla Mion. Por isso, investir em melhorias nutricionais é investir na saúde do seu pet.

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