Um reforço orçamentário para o Hospital Universitário Pedro Ernesto (Hupe) será solicitado ao presidente da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj) pelo presidente da Comissão de Representação criada para acompanhar a crise da instituição, vinculada à Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj), em Vila Isabel, zona norte da capital.
O presidente da comissão, deputado Zaqueu Teixeira, deu a informação hoje (17), após a primeira visita da comissão ao hospital, que ameaçou fechar as portas no início de maio por falta de recursos. “Há setores que precisam de apoio. O almoxarifado está funcionando na quadra de esportes, devido a um incêndio. Isso é emergencial. Precisamos de insumos guardados de forma adequada”, declarou ele, que não adiantou o valor do reforço orçamentário a ser solicitado à presidência da Alerj.
A outra prioridade da comissão será garantir que o repasse mensal de recursos, de cerca de R$ 7 milhões, hoje garantido por meio de liminar a pedido da Defensoria Pública do Rio de Janeiro, seja mantido. “Precisamos garantir que esse repasse seja regular para garantir a continuidade do que está funcionando. O hospital é um centro de excelência, de alta complexidade, faz transplantes, não podemos perder isso”, disse o deputado.
O diretor do hospital, Edmar José Alves dos Santos, explicou que o Pedro Ernesto continua funcionando graças ao esforço e ao comprometimento do corpo clínico e dos demais funcionários da unidade.
“Apesar de uma série de dificuldades, inclusive de infraestrutura, temos vários setores reformados que podem atender o paciente com dignidade. Voltamos a funcionar com toda a radiologia do hospital. Estamos em um grande esforço para retomar a grandiosidade que o hospital tem. Apesar das dificuldades, inclusive com atraso de salários todo o mês, eles se recusam a parar de atender a população. Vamos manter nosso compromisso ético com a população e atendê-la sob qualquer circunstância”, disse o diretor.
O hospital tem capacidade para 350 leitos, mas opera hoje com 255. O diretor afirmou que com a regularização dos repasses será possível voltar à capacidade original em aproximadamente dois meses. Alves dos Santos ressaltou ainda a importância de incluir no orçamento de 2018 verbas específicas para reformas de infraestrutura. “O que foi aprovado pelo custeio é suficiente, mas é preciso que sejam previstas verbas para reformas estruturais”.
O diretor declarou que o hospital apoia integralmente a greve dos servidores da Uerj, iniciada há quase dois meses, mas que o corpo clínico decidiu que a maior manifestação será aumentar o atendimento e não reduzi-lo, porque “a resistência do Hupe passa pela ampliação”. Com mais de 450 mil consultas e 5 mil cirurgias anuais, o Pedro Ernesto tem cerca de 3,8 mil profissionais de saúde e da área administrativa, 800 terceirizados e 1.200 alunos de medicina de graduação e pós-graduação.
A servidora pública Perciliana Rodrigues, 55 anos, trabalha há 11 anos como assistente social no hospital e se reuniu com colegas na entrada da unidade para fazer cartazes e protestar contra o sucateamento da unidade. Ela diz que “o hospital tem sobrevivido de pires na mão, com as migalhas que pingam. A situação dos terceirizados continua crítica, os servidores estatutários estão com salários atrasados e parcelados desde o ano passado e ainda há a ameaça de uma nova reforma da previdência com aumento da contribuição que pode subir de 11% para 14%, que vai resultar, na prática, em redução no salário”.
O comando de greve dos servidores técnico-administrativos da Uerj marcou para quinta-feira (19) uma assembleia para definir os rumos da paralisação. O Pedro Ernesto sofre com a falta de recursos, que deixou terceirizados e residentes sem salário integral desde 2015 e com a falta de insumos básicos como seringas, gaze e remédios. No início do mês passado, servidores e estudantes fizeram manifestação em frente à unidade para protestar contra o que chamaram de sucateamento do hospital. Na época, o diretor do hospital disse em audiência pública na Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro, que se os repasses não fossem regularizados até junho, o hospital fecharia as portas. Em janeiro, o hospital suspendeu as cirurgias, por falta de recursos.