Velório
‘Como corpos que já não têm nome, um dia serei eu quem some’
Publicado
emAutor/Imagem:
Cassiano Silveira - Foto Irene Araújo
Essas velas
Que o tempo consome
Esses pratos
Do pão que se come
Esses copos
De vinho sem nome
Quantas vezes
Matei esse homem
Essas velas
É o fogo que come
Esses pratos
E o corpo do homem
Esses copos
Que a sede consome
Quantas vezes
Lembrei o seu nome
Essas velas
Queimando com fome
Esses pratos
Que a gula consome
Esses corpos
Que já não têm nome
Quantas vezes
Eu sou o que some
*A poesia “Velório” faz parte do livro “Sobre o medo, a morte e a vida”
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