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Como deixar sua casa pronta para qualquer situação

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João Castro

Você já pensou se sua casa ou apartamento poderia ser habitado por qualquer tipo de pessoa? O armário da cozinha está numa altura acessível para um cadeirante? E as portas têm um espaço adequado para obesos ou cadeiras de rodas passarem? Pensando nestas questões, arquitetos desenvolveram o desenho universal, um conjunto de técnicas para projetar ambientes que possam ser utilizados por qualquer pessoa em qualquer situação.

“O conceito foi criado nos Estados Unidos no fim dos anos 1980 e já chegou a diversos países, entre eles o Brasil”, explica a arquiteta Silvana Cambiaghi, especializada em acessibilidade e desenho universal. Para ela, é necessário entender a diferença entre os dois conceitos. “Os ambientes ‘acessíveis’ são apenas uma porcentagem determinada em lei: 5% dos telefones públicos ou dos banheiros em construções precisam ser neste modelo. Já o padrão universal inclui qualquer indivíduo”, afirma.

Cambiaghi acredita que a própria arquitetura moderna criou barreiras. “Os espaços diminuíram. Eu mesma tive que comprar um apartamento da década de 1960 para viver. Naquela época, e até os anos 1980, os imóveis eram mais espaçosos. A partir dos anos 1990, com a urbanização acelerada, eles encolheram e dificultaram a vida de quem tem necessidades especiais”, comenta.

Ambientes espaçosos, uso intuitivo e facilidade de circulação são alguns elementos da arquitetura universal
Ambientes espaçosos, uso intuitivo e facilidade de circulação são alguns elementos da arquitetura universal Foto: Zeca Wittner/Estadão

Para a arquiteta, a ideia de universalização também é uma forma de melhorar a qualidade de vida. As casas neste modelo são pensadas desde o projeto arquitetônico para atender as necessidades de diferentes faixas etárias, evitando reformas e desgastes ao longo da vida. “Muitas vezes, os idosos estão em sua melhor fase. Passeiam, viajam, aproveitam o tempo. E esse conceito facilita a vida dessas pessoas”, ressalta.

Para garantir a aplicação do desenho universal, é necessário ter sete princípios básicos em mente: uso equitativo, flexibilidade, utilização simples e intuitiva, informação de fácil percepção, tolerância ao erro, esforço físico mínimo e dimensões de espaços abrangentes para acesso e uso.

Locais como banheiros públicos, por exemplo, precisam ter indicações fáceis de acesso, que sejam percebidas por todos que queiram usar. Já nos ambientes domésticos, as portas não podem ser muito estreitas e os espaços devem respeitar acessórios como cadeiras ou scooters elétricos.

Mesmo os custos de obras com arquitetura universalizada não diferem dos projetos fora do conceito. E as empresas de materiais para construção também já entraram na onda. “Se você observar a gama de produtos de marcas como a Deca ou a Celite, existem uma série de produtos que atendem essa demanda. Não é preciso fazer ou inventar produtos especiais”, ela conclui.

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