Sim, o Brasil, e até o mundo, está passando por tempos difíceis. Ainda outro dia fomos às urnas, começar a tentar colocar o nosso voto para as mudanças necessárias, mas ainda temos muito, muito chão pela frente. O Brasil já passou por muitas crises, muitos problemas financeiros. Quando eu era criança passei pela remarcação do Sarney, as coisas custavam uma coisa de manhã e outra à noite. Era horrível. Faltava tudo, até mesmo para comprar e ninguém estava a salvo.
Então, por pior que estejamos, ainda é melhor do que já estivemos em outros tempos. E sim, como um carma coletivo, todos vão sentir na pele. Mas já percebeu que alguns sentem mais e outros menos? Por que será que isso acontece?
Eu senti na pele. Senti a diminuição dos atendimentos. Muita gente precisando parar as sessões de terapia porque perdeu o emprego ou caiu a renda por ser vendedor, por exemplo. Mas vi colegas minhas, de profissão, até em situações potencialmente “piores”, mantendo seus consultórios cheios. Comecei a pensar nisso: por que? Para que?
Entrar no caos coletivo é muito fácil. É muito fácil se deixar contaminar pelas reclamações e pelas pessoas dizendo que está tudo muito ruim. Parece que não, mas isso reverbera no nosso cérebro profundamente, nos fazendo acreditar que, se ainda não estamos, vamos entrar na espiral. E se você entra (como agora eu sei que entrei), os resultados serão mesmo catastróficos.
Aqui é que sim, precisamos manter a tal da fé. A fé não serve para quando está tudo bem, mas para quando as coisas começam a ruir. Na verdade, uma crise é sempre uma crise de transformações, de mudanças e de oportunidades. O que está acontecendo não está bom e, se você entrou, é porque também precisa mudar as coisas.
Talvez seja mandado embora do trabalho porque, na verdade, nem era mais para você estar lá. Talvez ganhe menos no que faz porque precisa de tempo para diversificar. O importante é que não culpemos a crise, e sim nos responsabilizemos pela parte que nos toca.
Analise o que aconteceu, se aconteceu alguma coisa e sinta. Sinta o que o Universo quer de você, o que ele precisa que você faça que te tirou o que você tinha. Com certeza, ele sempre tem coisas melhores e que tem mais a ver com a gente.
No meu caso, eu precisava mesmo. Eu precisava escrever mais, pensar mais na minha jornada como escritora e menos como terapeuta. Precisava focar, parar de achar que o mundo era uma grande farra no shopping para desestressar (mea culpa) e saber que eu poderia viver bem com menos, mas fazendo o que eu amo. Estou indo por esse caminho e, por enquanto, está dando certo. Assim como é certo que a vida vai mandar mais e mais mudanças, não importa o que fizermos, não é mesmo?