O medo é um dos principais inimigos das nossas vidas. Quando me refiro ao medo, não estou falando de temer situações reais que geram perigo para a vida, mas sim do medo de situações imaginárias, que ainda não aconteceram e que criam o medo em sua mente e em seu coração.
Podemos entender que o medo tem uma origem biológica, de sobrevivência. Se não tivermos medo, não temos o senso de proteção e de sobrevivência. É natural ao ver um leão entrando pela sala, por exemplo, sentir medo e acionar em seu organismo a sensação de luta ou fuga. Esse medo é real e diz respeito a sua sobrevivência.
Por exemplo, muitas pessoas têm medo de falar em público. Na verdade, esse é um dos maiores medos da humanidade. Estima-se que o medo de falar em público é maior até mesmo que o medo da morte. A maioria das pessoas prefere a morte do que falar para uma plateia. Pode parecer exagero, mas esse é um medo muito real de uma situação imaginária. A pessoa teme ser avaliada negativamente.
Esse tipo de medo vem da falta de confiança em si mesmo e da necessidade de avaliação positiva dos outros. A origem está no desejo que temos de sermos aceitos. Queremos ser aceitos pelos outros. Porém, se em nossa infância somos tratados de maneira ríspida quanto a nossa individualidade, se as pessoas exigem, gritam, xingam e nos atacam verbalmente quando não atendemos às suas expectativas, ficaremos cada vez mais receosos. Achamos que não seremos aceitos. Se durante sua infância, seu pai ou mãe exigiu muito de você, se eles não tiveram paciência com seus erros, com seu aprendizado, é muito provável que hoje você tenha medo de qualquer situação que o exponha ou que lhe traga algum risco.
Como superar
O medo tem suas raízes em nossa infância, na criança interna que carregamos em nosso interior. Essa criança continua assustada em seu interior clamando por ajuda e pedindo proteção. Normalmente, temos o comportamento de ignorar o nosso medo, como uma forma de não termos contato com algo tão aversivo. Porém, isso só mascara o medo que levamos em nosso coração e quando estivermos sensíveis, ele virá à tona.
Por isso, devemos cuidar de nossa criança interna medrosa. Devemos olhar para o medo e cuidar dele, como se cuida de um órgão que está doente. Quando estamos com o fígado ou outros órgãos doentes não desejamos removê-los, mas sim cuidamos deles para que se curem e possamos voltar à vida saudável.
Da mesma forma, é o nosso medo! Temos que olhar para a nossa criança interna e dizer para ela que agora somos adultos, que possuímos coragem e força para cuidar dela. Se no passado você foi muito maltratado, é natural que ainda carregue o medo de sofrer da mesma forma e que reaja com medo em situações que lhe lembrem o sofrimento de sua infância.
Contudo, você pode dizer a esse medo de sua criança que hoje você não é mais uma criança, é um adulto que pode proteger sua criança e se proteger. É capaz de gerar sua própria felicidade e de garantir sua própria segurança interna.
Faça esse exercício sempre que sentir um medo que lhe paralisa diante os desafios de sua vida. Verá que sua criança sorrirá muito mais tendo a sua proteção.