Compra de votos cria asas e Confea vira Caixa de Pandora
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emOs cofres do Conselho Federal de Engenharia e Agronomia (Confea) quando expostos podem se tornar uma verdadeira Caixa de Pandora. Não ficaria, inclusive, aquém dos maiores escândalos de corrupção do Brasil, acostumado a viver com jeitinhos em período eleitoral, independente do cargo que se busque.
Acompanhado de perto pelo Ministério Público, o órgão que congrega cerca de um milhão de profissionais de tod o o País deve a qualquer momento expor suas vísceras. O Confea deve mostrar, por exemplo, o detalhamento das despesas com diárias “para amigos mais chegados que irmãos” do atual presidente José Tadeu da Silva, que tenta a reeleição no próximo dia 19.
A destinação desse tipo de gastos teve reservados para este ano mais de 23 milhões de reais.Porém, o dinheiro, ao invés de servir ao próprio Confea e ao Brasil, engorda o bolso de quem o utiliza. Pessoas ligadas ao órgão, e avessos à prática, denunciaram o problema – mais um – ao Ministério Público Federal do Distrito Federal.
Atualmente o valor da diária é de 980 reais. É mais que o dobro do pago, por exemplo, no Tribunal de Contas da União, onde um ministro encarregado de julgar as contas do próprio Confea, recebe apenas 451 reais. Na denúncia a que Notibras teve acesso, o tema foi um dos questionamentos.
– São tantos eventos, reuniões, plenárias, grupos de trabalho, plenárias extraordinárias convocadas a todo o momento e sem qualquer justificativa, que o dinheiro sai pelo ralo, diz o documento. É o legítimo ConfeaTur, ironiza a denúncia.
Os conselheiros têm direito a esse recurso para reuniões, principalmente em Brasília, sede do Confea. Em média, entre encontros preparatórios e as plenárias, os conselheiros costumam passar, mensalmente, seis dias na capital da República. Na ponta do lápis, cada um custaria quase seis mil reais mensais. Um conselheiro que preferiu o anonimato disse que o valor é abusivo.
Acontece que existem reuniões extraordinárias, além de eventos de Norte a Sul do País. Nisto, alguns conselheiros fica praticamente o mês inteiro como um nômade. Indo de lá para cá, mas com o bolso cheio: cerca de 30 mil reais por mês. Quando a diária é fora do país é paga em dólares ou euros e na mesma escrita numérica. Ou seja, 980. Na conversão para o real, lá se vão 3 mil reais. Por dia, claro.
Essas diárias são usadas por José Tadeu, para ‘comprar’ politicamente os conselheiros, afirmam os opositores do presidente do Confea, que querem passar a entidade a limpo. E com sua trupe nas mãos, José Tadeu consegue manipular decisões, como a que impugnou as candidaturas de seus adversários para as eleições do órgão deste mês.
Uma análise superficial nas contas atesta que, com um caixa anual de 200 milhões de reais, o órgão tem sido usado supostamente para enriquecimento pessoal e para a compra de poder. José Tadeu não mediria esforços para continuar com as rédeas nas mãos. E está tudo provado e documentado. Só não se sabe até onde vai esse peleguismo.
Elton Santos