Isabela Vieira
Vizinhos da Base Área de Santa Cruz, onde a presidenta Dilma Rousseff esteve neste sábado (13) orientando para o combate do mosquito Aedes aegypiti, moradores cobraram o desentupimento de valões e saneamento básico. A visita da presidenta à comunidade Caminho do Zeppelin, na zona oeste da cidade do Rio de Janeiro, fez parte do Dia Nacional de Mobilização para o Combate ao Mosquito Aedes Aegypti. O inseto é transmissor da dengue, da chikungunya e da zika, doença que pode estar associada com a microcefalia.
A zona oeste, onde fica Santa Cruz, área escolhida pela Dilma para a campanha, é uma das regiões com maior infestação do Aedes na cidade do Rio. Hoje, a presidenta esteve no local com o governador Luiz Fernando Pezão, e o prefeito, Eduardo Paes.
Segundo os moradores, os valões nas ruas Prado Júnior e Novecentos e Noventa e Nove não canalizam a água para tratamento. Misturada ao esgoto e ao lixo, fica parada, transformando as valas, rodeadas de mato, em local perfeito a proliferação de insetos. As duas valetas foram abandonadas depois das obras, disseram. Ontem (12), às vésperas da visita da presidenta, as valas receberam uma limpeza superficial, mascarando a persistência do problema, afirmaram.
“Tem dias que a gente vê uma nuvem de mosquito passar aqui nesse valão”, destacou a moradora Célia Gomes, de 58 anos. Morando há anos na comunidade, ela acredita que as obras de canalização, em vez de diminuir o número de insetos, acabaram aumentando a quantidade. “Antes, a água era corrente. Jogue uma pedra que você a nuvem.”
Preocupados com casos de dengue e de Zika, a comunidade quer que a prefeitura e o governo do estado façam as intervenções necessárias. “De que adianta nos pedirem para combater o mosquito dentro de casa, nos entregarem papel (informativo) se, quando a gente sai, é picada na rua, se o esgoto está na nossa porta?” questionou Sirlea Lopes, de 63 anos.
Os moradores contam que por causa da infestação de mosquitos, não é possível viver sem repelente ou inseticidas em casa. “A gente acaba gastando um dinheirão”, reclamou Célia.
Na casa de Lucimara Delfino, de 43 anos, durante uma rápida passada, a presidenta ouviu pedidos por melhorias. Segundo a moradora, que toma o cuidado de tirar a água de suas bromélias cotidianamente, sem uma solução para o saneamento, é difícil acabar com as doenças. “Tem muita água parada aqui, na vala, então…”, reclamou a moradora à presidenta, que cutucou o prefeito Eduardo Paes para que resolva as queixas dos moradores do Zeppelin.
Em entrevista à imprensa no local, a presidenta Dilma disse que faz investimentos em esgotamento sanitário, mas não detalhou números. “Nós, incluindo eu, o governador Pezão e o prefeito Eduardo Paes, nos últimos tempos, fizemos mais saneamento, entendido como esgoto tratado e abastecimento de água, do que na história desse país aqui”, declarou.
A comunidade próxima a Base Aérea recebeu obras de asfaltamento e saneamento há menos de dois anos, mas que precisam de manutenção constante. Antes, por causa das chuvas, as casas chegavam a ser alagadas, o lixo e o esgoto voltavam para dentro das residências. A situação ainda não mudou próximo ao Valão da Prado Júnior, que não foi finalizado. Lá, a cena se repete em dias de temporal.
A prefeitura informou que voltará à localidade na segunda-feira (15) para verificar os problemas.
Saneamento básico – De acordo com a Associação Brasileira de Saúde Coletiva (Abrasco), a falta de saneamento básico está diretamente relacionada a proliferação de doenças. Para combater o mosquito que transmite a zika, a recomendação da entidade é de mais investimentos nesta área.
“Que as ações de controle vetorial no ambiente seja uma atribuição dos órgãos de saneamento e de controle ambiental municipais, estaduais e nacional e não só do SUS [Sistema Único de Saúde]”, orienta, em documento recente sobre fragilidades no combate à Zika.
A organização condena ainda a pulverização de inseticidas e a adição de larvicida em água potável.
Agência Brasil