Um milhão 300 mil reais. Esse o valor de um novo acordo firmado entre a Conab e produtores rurais de Brasília (agricultura familiar) para a vebda de frutas, legumes e verduras destinadas a programas assistenciais locais. A comercialização e entrega dos produtos serão intermediadas por cooperativas e associações de classe.
Os alimentos serão entregues às entidades via banco de alimentos da Ceasa e pelo programa Mesa Brasil, do Sesc (Sesc). No total, em 2019, foram quase R$ 19 milhões em contratos com a agricultura familiar por meio de programas como o PAA, o Programa de Aquisição da Produção da Agricultura (Papa DF) e, principalmente, o Programa Nacional de Alimentação Escolar (Pnae).
“Cada organização escolheu a sua entidade para ser feita a doação. Das dez participantes, oito escolheram o Banco de Alimentos de Brasília, uma escolheu o Mesa Brasil, e outra ficou mista. Então, o maior percentual vai ser entregue pelo Banco de Alimentos, o que para nós é muito bom, pois dá sequência às nossas atividades de entrega e atividades sociais cadastradas”, explicou o diretor de Compras Institucionais da Seagri-DF, Lúcio Flávio da Silva.
Segundo o superintendente da Conab no DF, Rafael Bueno, a assinatura realizada hoje na Seagri-DF é a ciência, por meio do secretário de Agricultura e do GDF, sobre a realização dos projetos do PAA na modalidade de compra com doação simultânea. “É uma fase que a gente chama de habilitação, em que as associações e as cooperativas de agricultura familiar têm que trazer a documentação para nós fazermos a validação das informações que foram apresentadas na proposta”, explicou Rafael.
Ele também ressaltou que essa proposta poderá beneficiar cerca de 191 famílias de produtores. “O PAA no DF tem uma característica muito importante, porque ele dá uma segurança ao produtor, devido à garantia de venda ao Governo Federal, por meio da Conab. Então, garante que parte dos produtos vai ser comercializada a um preço fixo, sem variação. Isso dá uma garantia para que o produtor possa fazer bons planejamentos”, acrescentou.
O secretário de Agricultura Dilson Resende, ressaltou que esses programas ajudam a circular recursos entre os agricultores familiares e a manter o espaço rural do DF. “Ficamos muito felizes quando conseguimos realizar esses programas. Estamos circulando recursos entre os que mais precisam e mantendo nossa economia. A atividade rural é muito importante para evitar a ocupação desordenada do solo, na preservação do meio ambiente e na produção de alimentos saudáveis”, ressaltou.
O presidente da Ceasa, Wilder Santos, também participou da assinatura do projeto. Segundo ele, essas iniciativas são muito importantes principalmente para pessoas cuja principal fonte de alimento é por meio de instituições socioassistenciais.
A presidente da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural (Emater-DF), Denise Fonseca, também esteve presente à solenidade e exaltou a importância do Banco de Alimentos do Distrito Federal. “É muito bom que essa distribuição será através do Banco de Alimentos. Acho que estamos fazendo um programa que gera emprego e renda no campo. O agricultor também precisa ganhar dinheiro para fazer a economia girar”, destacou.
Produtores beneficiados
Já o presidente da Cooperativa Agrícola da Região de Planaltina (DF), Maurício Severino de Rezende, disse que os programas de compra institucional são iniciativas que beneficiam a toda a cadeia.
“A importância é fantástica. Nós estamos vendo que a cada ano existem mais dificuldades de recursos, mas eu acho que vale a pena a luta de todo mundo na busca por esses recursos. Nós precisamos aprender a vender essa ideia e mostrar a importância que esses programas têm na vida das pessoas que vendem esses alimentos. E também daquelas que recebem”, afirmou Rezende.
Êxodo rural
Filha de produtores rurais e formada em administração de empresas, Márcia Aparecida de Souza hoje trabalha na Cooperativa Agrícola Buriti Vermelho (Cooper-horti), no núcleo rural Buriti Vermelho (Paranoá) e diz que esse tipo de iniciativa, além de ajudar pessoas com vulnerabilidade nutricional, contribui para fixar famílias no campo, evitando que a cidade seja a única alternativa de emprego e renda.
“Sou nascida e criada lá no núcleo rural Buriti Vermelho. Passei sete anos na cidade para estudar e, quando terminei meus estudos, recebi um convite para ir à África. E a cooperativa também me convidou. Eu preferi ficar. Se não fosse a cooperativa participar desses programas eu teria ido embora, não teria ficado. Além da importância econômica para o produtor, e de beneficiar as pessoas com vulnerabilidade alimentar, ainda tem essa questão de manter o jovem no campo”, ressaltou Márcia.