O clima político e administrativo em Brasília está pra lá de tenso. É o resultado da mega crise em que está envolvido o Brasil na política, na economia, ética e institucionalmente. E a população brasileira pagando o pato pelos desvios e incompetência dos nossos governantes. Estamos convivendo com a inflação sem controle, os juros escorchantes e o desemprego crescendo dia a dia.
O que não falta, diariamente, na capital da República são notícias mentirosas, esclarecimentos, versões, fofocas espalhadas de acordo com os interesses dos protagonistas e grupos políticos envolvidos na mega crise. Só servem de combustíveis para tencionar mais o ambiente. Principalmente quando se trata dos escândalos na Petrobras.
O recesso parlamentar que irá até dia 3 de agosto, virou um pesadelo. Na avaliação de cientistas políticos esse clima de verdadeiro pânico só terá um fim depois de encerradas as investigações da Operação Lava-Jato, e a decretação das punições dos beneficiados das roubalheiras ocorridas na Petrobras. Eles são muitos, mais de cem e são atuais e ex-ministros, senadores, deputados, importantes empresários.
Ao Supremo Tribunal Federal caberá o julgamento daqueles que têm foro privilegiado, como deputados, senadores e ministros de Estado. O pedido de abertura de processos será feito pelo Procurador Geral da República, Rodrigo Janot. Cabe ao relator, ministro Teori Zavascki dar prosseguimento ao processo, que poderá ser rejeitado ou submetido à decisão final aos ministros da 2ª turma da Corte.
Na segunda-feira, surgiram as primeiras sentenças atingindo empreiteiros envolvidos no mega escândalo da Petrobras. O juiz federal Sergio Moro, em Curitiba, condenou os executivos da Camargo Corrêa, Dalton Avancini, Eduardo Leite e João Ricardo Auler, a penas de 15 anos de reclusão por corrupção, organização criminosa e lavagem de dinheiro. Os dois primeiros, porém, terão a pena reduzida porque fizeram a delação premiada. Os crimes foram cometidos em contratos fraudulentos e aditivos com a Petrobras. Eles foram também condenados ao pagamento de R$ 50 milhões à Petrobras para reparação de prejuízos a ela causados.
Para o procurador Dalton Dallagnol, a condenação mostra que “ninguém é intocável na República”.
Na mesma segunda-feira, a Polícia Federal indiciou o presidente da holding Odebrecht S.A, Marcelo Odebrecht e mais sete executivos da empreiteira. Ele está preso na carceragem da Polícia Federal, em Curitiba, desde 19 de junho. Os crimes citados são fraude em licitação, lavagem de dinheiro, corrupção ativa e passiva, crime contra a ordem econômica e participação em organização criminosa. O ex-presidente Lula é citado várias vezes no inquérito como lobista da Odebrecht no exterior.
Cláudio Coletti