Contrariando seu estilo oratório vazio, escorregadio e corporativista, o presidente do STF Luiz Fux fez uma confissão, durante a cerimônia dos 75 anos do Tribunal de Contas do Estado do Pará, daquilo que qualquer brasileiro razoavelmente esclarecido sabe e repete em todas as manifestações populares, mas que os libertadores togados tentam inutilmente convencer o contrário: eles destruíram a Lava Jato com um objetivo, um planejamento e um momento previamente estabelecido – o suficiente para fazer crer, até um certo ponto do processo, que estavam ao lado da lei e do povo na faxina ética em curso com aquela operação, sem perder de vista a hora certa do golpe para provocar a anulação e a prescrição de todas as sentenças contra o seu mestre.
Assim admitiu seu crime o mandatário máximo do Judiciário brasileiro. “Tive a oportunidade, nesses 10 anos de Supremo Tribunal Federal, de julgar casos referentes à corrupção que ocorreu no Brasil. Ninguém pode esquecer o que ocorreu no Brasil, no mensalão, na Lava Jato, muito embora tenha havido uma anulação formal, mas aqueles 50 milhões malas eram verdadeiros, não eram notas norte-americanas falsificadas”.
“O gerente que trabalhava na Petrobras devolveu US$ 98 milhões e confessou efetivamente que tinha assim agido”. Se o Brasil fosse um país sério, se a nossa justiça criminal não fosse uma das piores do mundo; se seus pares do sistema jurídico honrassem o juramento que fizeram e prezassem a grandeza da doutrina que rege a sua profissão; se grande parte o Congresso Nacional não tivesse o rabo preso; se a população lutasse realmente pela sua cidadania, essa declaração explícita do presidente da Suprema Corte seria suficiente para levar ao impeachment e ao banco dos réus todos os que protagonizaram tão escandalosa e repulsiva trapaça contra a Nação.