Atravessando a praça
Congresso dá cartas e Pacheco, saindo, pode virar pomba da paz
Publicado
emSe nos primeiros mandatos de Lula era o Judiciário quem atuava como contrapeso ao governo, no terceiro mandato, assim como nos governos Dilma, é o Legislativo quem freia os projetos petistas. Nas últimas semanas, Lula precisou desviar a atenção do cenário internacional e da batalha, até então bem sucedida, contra Campos Netos e os juros para concentrar-se na Câmara dos Deputados.
A lista de reivindicações do centrão inclui liberação de emendas e trocas ministeriais, mas não tem limite para acabar. E há um consenso na esquerda e na direita: parte significativa dos problemas com o Congresso passam pela dupla de ministros Alexandre Padilha, na Articulação Política, e Rui Costa, na Casa Civil. Os dois estão no centro dos descontentamentos do centrão e até do líder do governo na Câmara, Josué Guimarães.
Do lado de lá, a dupla que realmente tem funcionado na articulação é Arthur Lira e o deputado baiano Elmar Nascimento (União), que já avisou que não basta a troca da ministra do Turismo, é preciso que o governo formalize a adesão de Lira à base governista. Ou melhor, a adesão do governo à base do centrão. E mesmo assim, não há nenhuma garantia de que os votos da União Brasil migrem para o governo.
O cenário fica ainda pior porque as negociações com Lira e Nascimento respingam em outras engenharias políticas. Por exemplo, a disputa pela Codevasf obrigará o governo a se decidir entre a chantagem do centrão e o apoio do discreto, mas onipresente, PSD de Gilberto Kassab. Além disso, Lula precisou contar com a ajuda do senador Davi Alcolumbre para pacificar o centrão e o preço deve ser a indicação de Rodrigo Pacheco para a segunda vaga no STF que será aberta no próximo semestre. O nome de Pacheco também é defendido por outra dupla forte de articulações, Gilmar Mendes e Alexandre de Moraes, e abriria espaço para que Alcolumbre voltasse para a presidência do Senado.