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Conselho de Medicina pede intervenção na Saúde do Rio

Isabela Vieira

O Conselho Regional de Medicina do Estado do Rio de Janeiro (Cremerj) pediu nesta sexta (28) a intervenção do governo federal na saúde do estado. O déficit no setor chega a R$ 2,5 bilhões e ameaça fechar hospitais na capital e no interior e paralisar o atendimento.

Já faltam insumos, como constatado em inspeções. Os médicos da rede também correm o risco de ficar sem salário.

Desde o começo do ano, 12 Unidades de Pronto-Atendimento (UPAS) foram visitadas pelo conselho, que recebe denúncias de pacientes, de profissionais e de organizações sociais que administram unidades e que estão sem pagamento há meses.

“Estamos à beira de um caos no qual as pessoas podem morrer por mortes evitáveis”, afirmou o presidente do Cremerj, Pablo Vazquez, em entrevista. “Queremos o empenho de todos, os esforços, se não tem [dinheiro], que recorram a empréstimos, ao apoio internacional, não pode ocorrer o fechamento dessas unidades, saúde é direito básico”, reforçou.

Nas contas apresentadas ao conselho pela própria Secretaria Estadual de Saúde, a dívida é de R$ 1,3 bilhão acumulada em 2015 e de mais 1,2 bilhão neste ano. Segundo o Cremerj, o próprio governo estadual não têm investido o percentual obrigatório em lei, que é de 12% do orçamento. O aporte, segundo o próprio órgão, é de 5%.

Gabinete de crise – Além do repasse de recursos federais para cobrir a dívida do governo do estado, o Cremej cobra do governo federal a instalação de um gabinete de crise, com todas os níveis de governo. A entidade solicitou uma reunião com o ministro da Saúde, Ricardo Barros, para os próximos dias. O Ministério de Saúde, procurado, não confirmou a data.

Preocupado com o discurso de corte de gastos do governo, o presidente do Cremerj pediu que o ministro “seja sensível” para que “pessoas sejam tratadas e hospitais não fechem” as portas.”Percebemos que o ministro da Saúde tem um discurso de corte de gastos. Então, esperamos que, com essa solicitação, ele tenha sensibilidade de entender que ele está como ministro da saúde não para dizer que tem que cortar gastos, mas para atender às necessidade da população. Ele tem que se virar, para isso ele é ministro”, cobrou Vazquez.

Situação nos hospitais – Segundo o Cremerj, esta é a pior crise da saúde no estado, ultrapassando a do ano passado, quando unidades colocaram tapumes na porta e impediram a entrada de pacientes, como o ocorreu no Hospital Estadual Getulio Vargas, na zona norte.

“O Hospital [Estadual] Azevedo Lima, em Niterói, [Hospital Estadual] Alberto Torres, em São Gonçalo, [Hospital Estadual] Getulio Vargas, e o de Saracuruna [Hospital Estadual Adão Pereira Nunes], geridos por organizações sociais, com repasses extremamente atrasados, com redução de médicos, de profissionais e faltando tudo, não conseguem mais comprar insumos porque os fornecedores não querem vender”, denunciou o vice-presidente do Cremerj, Nelson Nahon, sobre as unidades na capital, da Baixada Fluminense e da região metropolitana, entre as mais populosas.

Há déficit de leitos em unidades de tratamento intensivo (UTI), cortes de cirurgias pediátricas e risco de desabastecimento de sangue até o Natal. “Não tem nem o tubinho para fazer a coleta [ de sangue], informou. A situação tende a se agravar com a chegada do fim de ano e das férias, quando o Rio atrai milhares de turistas.

Há impacto também em unidades municipais que acabam sobrecarregadas. Por suspensão de repasses estaduais, acabaram fechando as UPAS (Unidades de Pronto-Atendimento) de Cabo Frio, na Região dos Lagos, Angra dos Reis, na Costa Verde, São João de Meriti, na Baixada Fluminense e Barra Mansa, no sul fluminense.

O Ministério da Saúde informou que está em contato com o governo do Rio para “superar a dificuldade do setor” e já repassou, em 206, R$ 65 milhões a mais “para reforçar a rede estadual de saúde e normalizar os atendimentos” na rede estadual.

Agência Brasil

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