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Consumidor sente a corda cada vez mais apertada no pescoço e vendas desabam

Alana Gandra 

A Intenção de Consumo das Famílias (ICF), divulgada pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), caiu 5,5% em abril em comparação ao mês anterior. Em uma escala de zero a 200, o índice em abril ficou em 73,2 pontos, o menor desde o início da série histórica, em 2010. Em relação a abril de 2015, a queda foi de 28,8%.

A assessora econômica da CNC, Juliana Serapio, disse que os dados refletem o momento de incerteza econômica e política do país e a instabilidade do mercado de trabalho. O emprego atual, um dos sete indicadores avaliados pela entidade, caiu 2,7% em abril, acumulando queda de 15,7% em 2016. “Na verdade, do final do ano passado para cá, a taxa de desemprego aumentou muito”, disse Juliana. A perspectiva no curto prazo, segundo ela, é que o indicador continue caindo. “Esse é o fator que mais está pesando para a intenção de compras ficar menor”, acrescentou.

A parcela da população mais afetada pela retração dos indicadores é a composta por famílias que ganham menos de dez salários-mínimos. “As mais atingidas são as famílias com menor renda”, disse a economista.

A maior queda no IFC foi registrada nas compras de produtos duráveis (-10,1% em abril em relação a março e – 43,6% na comparação com abril de 2015). Segundo Juliana, o indicador está relacionado à taxa de juros e ao emprego, “porque são compras de bens que necessitam um comprometimento maior da renda” das famílias. “Como a taxa de juros está muito alta e as pessoas estão inseguras quanto ao emprego, esses bens são muito afetados.”

No ranking regional, o Norte do país apresentou a maior retração na Intenção de Consumo das Famílias em abril (-11,2%). Em contrapartida, a Região Sul teve a menor queda no mês (-3,3%).

A pesquisa da CNC revela que a confiança do consumidor aumentou em janeiro e fevereiro, embora em ritmo moderado. A primeira queda do ano ocorreu em março. Na sondagem da intenção de consumo em abril, as perspectivas profissional e de consumo para os próximos seis meses foram negativas em 6% e 7,1%, respectivamente. Dos 18 mil entrevistados, 47,1% consideraram negativo o cenário para os próximos seis meses em termos profissionais.

Segundo Juliana Serapio, mesmo que ocorra uma mudança econômica ou política no atual cenário brasileiro, sinalizando estabilidade, os efeitos sobre os indicadores que compõem a pesquisa não serão imediatos. “Não vai ser de um mês para outro. Vai demorar bastante a refletir no consumidor, porque a confiança está muito baixa e a instabilidade está muito alta”, analisou.

Com um total de 49 pontos, o nível de consumo atual mostrou queda de 8% em relação a março e de 38,3% na comparação com abril de 2015. De acordo com a CNC, a maior parte das famílias (62,6%) indicou que o nível de consumo está menor do que no ano passado.

A divisão econômica da CNC estima que, em 2016, o volume de vendas do varejo deverá apresentar retração de 4,5% no conceito restrito e de 8,8% no varejo ampliado, que inclui os setores de automóveis e materiais de construção.

Agência Brasil

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