O consumidor que esperou a Black Friday para fazer a compra do mês no supermercado pode não estar muito satisfeito neste ano. Sem encontrar grandes vantagens nos preços de alimentos, a despensa das pessoas que levantaram cedo nesta sexta-feira, 24, ficou cheia de itens como papel higiênico, cervejas de lata, whiskies, sucos de caixinha e até pneus de automóveis. Mas apenas isso.
A Black Friday é considerada pelo comércio varejista uma das melhores oportunidades do ano para alavancar as vendas e acabar com os estoques, e, neste ano, a aposta é de que a data contribua para a retomada do consumo, que estava em queda por causa da crise econômica. Mas nem mesmo toda a publicidade em torno do evento estava sendo capaz de incentivar as pessoas a gastarem mais no supermercado.
Hoje, antes mesmo de o dia clarear, já tinha gente em busca de ofertas em diferentes supermercados da cidade. Às 6h da manhã, no Extra da Ricardo Jafet, na zona sul da cidade, a empresária Adriana Menezes, dona de um pequeno supermercado no bairro do Jabaquara, estava com três carrinhos com 460 pacotes de latas de cerveja. Era a terceira parada dela, que estava na rua desde às 1h30 da manhã comprando um pouco em cada lugar, buscando economizar o máximo possível.
“Estamos repondo o estoque do mercadinho, comprei 460 pacotes de cerveja até agora, e a meta é alcançar mil até o final do dia”, explica. “ Sigo muito os preços de alimentos e bebidas. Quem fala que na Black Friday não tem desconto é porque não pesquisa direito. Tem que bater perna, comprar um pouco aqui, outro ali”, diz.
No mesmo local, Angélica Silva e Débora Acras contavam a ajuda da “especialista” de preços (como elas mesmo chamam), Lúcia Bessa, para encontrar ofertas “incríveis”. O trio sempre se reúne pra fazer compras no mercado e, dessa vez, se disseram frustradas com as poucas promoções em itens de comida.
“Não está valendo tanto à pena”, respondem. “Principalmente as coisas de consumo diário, como alguns alimentos e o papel higiênico de 32 rolos, tão com preço acima da média”, reclama Débora Acras.
As amigas dizem que vão pular em vários mercados pra tentar achar as melhores ofertas. “Eu costumo economizar um pouco antes das Black Fridays pra poder gastar mais nessa data. Ano passado gastei uns R$ 700 reais, e várias coisas – como sabão em pó, por exemplo, duraram até agora. Mas a estratégia das empresas nessa data é sempre igual: alguns produtos têm descontos enormes, mas vários outros sobem de preço. Aí eles não deixam de ganhar”, aponta a dona de casa, Lúcia Bessa.
Eletrônicos – Para tentar alavancar as vendas durante o dia, o Extra recrutou um time de locutores, que anunciavam os descontos. O setor de eletrodomésticos e eletrônicos costuma ser a grande sensação da Black Friday, onde são anunciados os maiores descontos e condições especiais de pagamento.
O instrutor Guilherme Alberto Vieira dos Santos, de 30 anos, estava com a mulher e seu filho de 2 anos na loja. O produto que mais lhe chamou a atenção foi uma caixa de som Bluetooth, que ficava barata se o pagamento fosse à vista. Mas seu maior desejo mesmo era comprar um vídeo game novo, um Playstation 4 ou Xbox One S. ” Caiu demais o preço, cara, cê viu? Vou falar com a patroa e ver se ela embarca nessa ideia. Falar que a vontade do vídeo game é do garoto”, ri Guilherme.
Na mesma seção, o servidor público aposentado Celso Melo, de 61 anos, não achou nenhum preço interessante, principalmente das televisões. “Se a ideia era vender algo, não serei eu que vou comprar isso”, afirmou.
Na loja, a grande sensação dos eletrodomésticos era um forno elétrico com capacidade para 48 litros, que estava sendo vendido na manhã desta sexta-feira R$ 279,00, preço “ótimo” segundo alguns consumidores consultados pela reportagem.