Em depoimento prestado nesta quarta-feira (8) à comissão parlamentar mista de inquérito (CPMI) que investiga denúncias de irregularidades na Petrobras, a contadora Meire Poza disse que sua empresa emitiu R$ 7 milhões em notas frias para as empresas do doleiro Alberto Youssef, para quem trabalhava.
“Emiti R$ 7 milhões em notas frias. Tenho uma empresa de contabilidade e a exceção foram essas notas”, disse Poza. Disse também que recebeu dinheiro e repassou para Enivaldo Quadrado pagar a multa imposta pelo Supremo Tribunal Federal (STF) ao condenado na Ação Penal 470, o processo do mensalão.
O líder do PMDB na Câmara, Eduardo Cunha (RJ), reagiu. “Estamos aqui com uma fornecedora de nota fiscal fria. Ela admitiu o que é, uma ré confessa”. Ele informou que o PMDB vai pedir a quebra dos sigilos fiscal e bancário da contadora.
Em outro momento, Meire Poza admitiu que recebia 7% de comissão sobre as notas frias e que a porcentagem era dividida em partes iguais com Enivaldo Quadrado. Ele foi condenado por lavagem de dinheiro no julgamento do mensalão, e teve de pagar multa de R$ 28,6 mil.
A ex-contadora de Alberto Youssef negou ter informações sobre operações entre ele e funcionários da Petrobras. “Eu trabalhei com o senhor Alberto Youssef. Vi algumas operações feitas no escritório, mas não tenho informações diretas da Petrobras”, ressaltou.
Ela garantiu que nunca entregou dinheiro na mão de políticos, mas fez pagamentos para parentes de alguns, como do deputado Luiz Argôlo (SDD-BA). O deputado André Vargas (sem partido-PR) e o também deputado e ex-ministro das Cidades Mário Negromonte (PP) se beneficiaram do esquema de lavagem de dinheiro. Os dois respondem a processo no Conselho de Ética da Câmara.
“Fiz pagamento para o deputado André Vargas para uma viagem ao Nordeste”, disse. A contadora enviou dinheiro para outras pessoas que ela não conhece, e não sabe que grau de parentesco têm com os parlamentares, e que a lista com os nomes está com a Polícia Federal.
Aos parlamentares da CPMI, Poza negou ter conhecimento de que Alberto Youssef operasse um esquema de lavagem de dinheiro com prefeituras do PT. “Uma das coisas que eu deixei claro foi que eu não disse que o Beto [Alberto Youssef] tinha essa ascendência em prefeituras do PT”. Para ela, nesse caso, talvez estejam dando a Youssef um poder um pouco maior do que o que ele tem.