Um caso da doença devido ao muito perigoso vírus de Marburg, causador da febre hemorrágica, foi registrado na Guiné, o primeiro na África Ocidental, anunciou segunda-feira, 9 de agosto, a Organização Mundial da Saúde (OMS) em comunicado à imprensa.
A OMS classificou a ameaça em nível nacional e regional como “alta” , mas por ora, em nível internacional como “baixa” . “O vírus de Marburg, que pertence à mesma família do vírus que causa o vírus Ebola, foi detectado menos de dois meses depois que a Guiné declarou o fim da epidemia de Ebola que eclodiu no início do ano ” , informou o escritório da OMS na África disse em outro comunicado.
A informação sobre o aparecimento do vírus Marburg na Guiné foi confirmada pelo governo guineense em um comunicado na noite de segunda-feira. “A investigação iniciada desde 4 de agosto de 2021 em torno do caso não revelou um caso suspeito de febre de Marburg. No entanto, 155 casos de contato foram listados e acompanhados diariamente ” , disse ele.
O caso foi detectado na prefeitura de Guéckédou, no sul do país, em um vilarejo localizado em uma região florestal próxima à fronteira com Serra Leoa e Libéria. É um homem que morreu no dia 2 de agosto e cujos sintomas datam de 25 de julho, informou a OMS.
Transmissão por morcegos
Amostras retiradas do paciente e testadas por um laboratório de campo em Guéckédou, bem como pelo laboratório nacional guineense para febre hemorrágica, deram positivo para o vírus de Marburg. Análises adicionais realizadas pelo Institut Pasteur no Senegal confirmaram esse resultado. O paciente havia sido tratado em uma clínica em Koundou (prefeitura de Guéckédou), onde uma equipe de investigadores médicos foi enviada para estudar o agravamento de seus sintomas.
O diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, enfatizou a necessidade de implementar “um esforço conjunto para prevenir a transmissão e proteger as comunidades” . Uma equipe de dez especialistas da agência da ONU já está no local e prestando apoio às autoridades nacionais de saúde, que estão trabalhando para conduzir uma investigação completa o mais rápido possível e para intensificar as intervenções de emergência. A vigilância transfronteiriça é intensificada para que um possível caso possa ser rapidamente detectado.
Três familiares do paciente que faleceu e um profissional de saúde foram identificados como contatos próximos de alto risco e sua saúde está sendo monitorada, enquanto as investigações estão em andamento para identificar a fonte da infecção e outros contatos do paciente falecido.
A doença do vírus de Marburg é transmitida aos humanos por morcegos frugívoros e se espalha em humanos por meio do contato direto com fluidos corporais de pessoas infectadas ou com superfícies e materiais, de acordo com a OMS.
“Pare com isso agora”
No continente africano, surtos anteriores e casos esporádicos foram relatados na África do Sul, Angola, Quênia, Uganda e República Democrática do Congo. Mas esta é a primeira vez que o vírus foi detectado na África Ocidental.
A doença começa repentinamente, com febre alta, forte dor de cabeça e possível desconforto. As taxas de letalidade variaram de 24% a 88% em surtos anteriores, dependendo da cepa do vírus e do manejo do caso. Embora não existam vacinas ou tratamentos antivirais, a reidratação oral ou intravenosa e o tratamento de sintomas específicos melhoram as taxas de sobrevivência.
“Saudamos a vigilância e a rápida ação investigativa dos profissionais de saúde guineenses. Para evitar que a propagação do vírus Marburg atinja uma taxa rápida, devemos pará-lo agora ”, disse Matshidiso Moeti, diretor regional da OMS para a África, no comunicado. “Estamos a trabalhar com as autoridades sanitárias locais para implementar uma resposta rápida com base na experiência e conhecimentos adquiridos pela Guiné na gestão da epidemia do vírus Ébola, que é transmitido de forma semelhante ”, frisou também.