Pedro Nascimento, Edição
Dezenas de pais e mães dos estudantes da escola Enrique Rebsamen, localizada na zona sul da Cidade do México, passaram a madrugada à espera de notícias de seus filhos enquanto centenas de militares, bombeiros, socorristas e voluntários buscavam por sobreviventes nos escombros do prédio, que desabou na terça-feira durante o terremoto de 7,1 graus que atingiu a país.
Muitos tiveram crises nervosas em razão da ausência de informações e das dificuldades que as equipes enfrentam na delicada operação de resgate. Uma dessas mães, Adriana Fargo, passou a madrugada tão angustiada que sequer conseguia pronunciar o nome de sua filha – o marido dela ajudou durante toda a madrugada nos trabalhos na escola.
“Uma nuvem de poeira veio, quando parte do edifício entrou em colapso. Tivemos que permanecer em nossas salas até que o tremor passasse”, relatou a professora María del Pilar Martí.
“Aparentemente, há outros corpos localizados entre os escombros, e parece que 20 crianças estão a salvo com uma professora, dentro de uma sala”, disse um voluntário, que pediu para não ser identificado.
No entorno do local da tragédia, várias pessoas se organizavam para transportar, em uma corrente humana, cestas com garrafas de água para os socorristas, que trabalham há quase 24 horas praticamente de forma ininterrupta.
Diante da escola, duas pessoas tentavam organizar em um computador uma espécie de “centro de controle”, com uma lista das crianças mortas, resgatadas e desaparecidas. A falta de transporte público e o corte das linhas telefônicas e de energia elétrica complicavam o trabalho.
“É um caos. Algumas crianças que saíram feridas da escola foram levadas para hospitais, sem os pais. Aqui na escola há pais desesperados que não encontram seus filhos”, disse uma das pessoas que tenta elaborar a lista, que não foi divulgada para a imprensa.
Até o momento pelo menos 14 pessoas já foram resgatados com vida, sendo 11 crianças. O tremor deixou, no entanto, ao menos 37 mortos – sendo 32 crianças -, neste centro educacional e ao menos outras 38 pessoas estariam desaparecidas.
O último balanço divulgado pelas autoridades elevou para 225 o total de mortos no país: 94 na Cidade do México, 71 em Morelos, 43 em Puebla, 12 no Estado do México, 4 em Guerrero e 1 em Oaxaca. O número, no entanto, é provisório e deve aumentar com o progresso das equipes de resgate.