A primeira vez que me deparei com um texto do Eduardo Martínez foi há quase dois anos, aqui mesmo em Notibras, quando o editor José Seabra veio me entregar uma folha: “Ceci, leia isto!”. Apesar de estar ocupada preparando algumas matérias para entrar no ar, peguei uma xícara de café e fui ler “Almerinda, a empregada doméstica”.
A sensação foi que aquele tal Eduardo Martínez possuía algo invulgar, como se eu tivesse encontrado uma pepita entre tanto cascalho. Há excelentes escritores contemporâneos, e o Eduardo figura entre os mais cativantes e talentosos. Tanto é que o Seabra tratou de abrir espaço para os contos e crônicas desse mestre da arte da escrita e, por isso, os leitores de Notibras têm a oportunidade de se depararem com textos inéditos diariamente.
Apesar de trabalharmos no mesmo jornal, ainda não tive a oportunidade de encontrar o Eduardo pessoalmente. No entanto, não faz muito tempo, entrevistei meu colega através de chamada de vídeo. Eu do meu apartamento aqui em São Paulo, ele lá naquele frio de Porto Alegre.
A entrevista foi para falar, entre outras coisas, sobre o lançamento do livro 57 CONTOS E CRÔNICAS POR UM AUTOR MUITO VELHO. Aliás, um primor de seleção de histórias escritas de maneira que caracterizam o estilo único do Eduardo. Os textos são absolutamente surpreendentes e captam a humanidade dura e cruel de alguns de seus personagens ou enternecem mostrando o mundo sob uma perspectiva poética e imaginativa.
Ao ler os textos de 57 CONTOS E CRÔNICAS POR UM AUTOR MUITO VELHO, fica nítido que se trata de uma obra impactante, não apenas pelos desenlaces das histórias, como também pelo modo primoroso que o autor escolhe cada palavra. Eduardo Martínez é minucioso e passa a ideia de que está muito focado naquilo que propôs a fazer. Há muito tempo não me deparava com um livro tão prazeroso de se ler. A Literatura agradece, e os leitores vão se deliciar.