José Escarlate
Ainda bem jovem, eu era foca em jornal pequeno quando conheci “en passant” o badalado e discutido jornalista Aparício Torelly, o Barão de Itararé. Ele circulava livremente por Ipanema e Leblon, por onde eu andava ainda com minhocas na cabeça.
Nunca fui chegado a bebida alcoólica, mas o pessoal da minha turma gostava do chopinho. Para não ser estraga prazer eu ia com eles aos bares, mas sempre fiel à minha soda limonada. Aparício, pelo que eu via, também não bebia, mas circulava pelas ”bocas”.
Imberbe ainda, eu era seu fã e do seu jornalzinho “A Manha”, com muita crítica, ironizando os políticos. Era muita verdade e muito humor.
No final do ano, talvez para levantar uma nota, ele lançava o almanaque do jornal, que se chamava “Almanhaque”. Aliás, virou moda lançar almanaques no final do ano. Tinha mais anúncio do que matéria.
Às quintas-feiras, era difícil encontrar o Aparício para ouvir suas histórias. Sumia para escrever o jornal, que saía no dia seguinte. Era ele e Deus.
Um dia perguntei-lhe: “E quando o sono bate forte, como o senhor faz?” E o velho Barão de Itararé, não se fazendo de rogado, respondia: “Eu mudo de assunto”.