Semper fidelis est mendaciun, aquele ex-presidente que não consegue se conformar a derrota voltou a reunir suas chorosas viúvas em um lugar qualquer do país. O pífio comício evangélico-eleitoreiro do fim de semana ocorreu na orla de Copacabana, reunindo pouco mais de 30 mil pessoas. A fidelidade à mentira, conforme a abertura do texto, ficou evidente quando, depois de lembrar a popular e bendita facada (?), ele fez referência à suposta perseguição que tem sofrido desde que perdeu a eleição. Não disse qual, mas acreditemos nele.
A brincadeirinha de menino mijado do ex-mito só não foi mais deslavada do que a afirmação do pastor Silas Malafaia, o baba ovo do século, para quem Alexandre de Moraes é uma ameaça à democracia. Antes que alguém concorde, lembro que o ministro do Supremo Tribunal e do Tribunal Superior Eleitoral é cumpridor de leis contra os descumpridores de lei. Simples assim. Organizador de mais esse rebanhão, Malafaia jamais terá coragem de assumir que, como bobo da corte, ele é um primor de tomador do dinheiro alheio.
Durmo, acordo, dou a do mês, falo sozinho e durmo de novo com a nítida impressão de que o pastor metido a galã de novela mexicana e seu chefe supremo avaliam a política brasileira com um filme pornô de mão única, daqueles em que o prazer só alcança um dos parceiros. Meu caro pastor de ovelhas cegas e mancas, vocês perderam democraticamente a eleição. Se convençam disso e esperem 2026. Quem sabe até lá Elon Musk se naturalize brasileiro, abra a igreja do X-ifre de Tarracha e concorra à Presidência da República.
Por enquanto, além de enrugar o saco velho de medo de Xandão, vocês têm de se contentar com as chuvas esparsas e localizadas de novos “patriotas”. É claro que as eleições de 2022 são “página virada”. O adversário ganhou, está governando para todos e não teme suas cotoveladas antidemocráticas. Aliás, nem as do Musk, do Malafaia ou de qualquer outra viúva de plantão. Repetir mentiras em vão não mudará o placar do pleito de 2018, tampouco a decisão que condenou o ex-mito de padaria a um sono profundo em uma confortável cama de alvenaria.
E esse enclausuramento será para breve. Se algum de seus assessores for honesto certamente vai sugerir aproveitar o acolhimento sob exíguas quatro paredes como um período sabático. Se imagine no Boeing presidencial, durma depois de uns bons tragos, corra dez quilômetros, nade mais dez km e pedale outros 30 quilômetros. Saiba antecipadamente que o resto do sonho será mero detalhe. Se não souber escrever um texto com começo, meio e fim novamente busque os aconselhamentos do santo homem Silas Malafaia e rabisque um livro, cujo título eu mesmo sugiro: A saga de um mentiroso.
A primeira página foi escrita em São Paulo. Copacabana foi a segunda. Dificilmente haverá uma terceira, mas tempo não lhe faltará. Queira ou não, essa é uma saída e tanto para os dias e noites de ócio soturno, nauseabundo, melancólico e sombrio. Se puder visitá-lo, levá-lo-ei algumas garrafas de aguardente 51, recomendadas por aquele seu algoz político. Se não gostar, siga o conselho de um sábio amigo de um amigo muito querido e “Zilef ajes e ohniv mu arba”. Claro que sua (ex)celência não entendeu, pois está escrito em árabe. Para sua sorte, o semper fidelis (sempre fiel) Aiafalam já traduziu a frase, que, assim como seu nome, deve ser lida de trás para frente.
Wenceslau Araújo é Editor-Chefe de Notibras