90 anos
Coro do Municipal vai em busca de popularização
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emConsiderado patrimônio imaterial do estado do Rio de Janeiro e um dos mais importantes da América Latina, o Coro do Theatro Municipal do Rio de Janeiro completa 90 anos em agosto. Para celebrar o aniversário, os músicos fazem apresentações a preços populares nesta quarta (9) e quinta-feira (10).
Em um esforço para atrair um público mais popular para a música clássica, a apresentação desta quarta-feira será realizada ao meio-dia, horário que busca atrair trabalhadores na hora do almoço. O preço é outro atrativo, R$ 2.
No repertório, clássicos dos italianos Giuseppe Verdi (1813-1901) e Pietro Mascagni (1863-1945), do alemão Richard Wagner (1813-1883) e de Carlos Gomes (1836-1896), o maior compositor de obras do Brasil. O espetáculo contará também com a Orquestra Sinfônica do Theatro Municipal (OSTM). A regência é do maestro chileno Victor Hugo Toro, titular da orquestra desde 2011.
Histórico
O Coro do Theatro Municipal foi inaugurado em 3 de agosto de 1933, preparado pelo maestro Santiago Guerra. Atualmente, conta com 103 cantores que se apresentam em concertos e óperas com a OSTM e com o Ballet do Theatro Municipal (BTM), além de atuar com solistas convidados.
“O Coro do Theatro Municipal é de suma importância, seja do ponto de vista artístico, uma vez que se trata de um coro de alta performance, formado por profissionais de alta qualidade – está entre os mais importantes grupos do setor na América Latina -, seja do ponto de vista da própria estrutura e fim do teatro, uma vez que a casa tem como missão a produção de óperas, balés e música de concerto. O coro é alicerce fundamental para a própria existência do Theatro Municipal, formando o tripé artístico legal, ao lado da OSTM e BTM”, explicou à Agência Brasil Eric Herrero, diretor artístico do Theatro Municipal.
Música para todos
O cantor lírico Marcos Menescal fez parte do coro do Municipal de 1981 a 2016. Hoje ele é assessor especial de elenco da diretoria artística. Menescal conta que, além de preços populares, o esforço de levar a música clássica para novos públicos passa pela seleção criteriosa das obras que serão apresentadas. “Existem obras-primas de altíssima qualidade extremamente acessíveis ao leigo, a quem não tem ainda a cultura musical”. Ele cita, por exemplo, a ópera Carmem e concertos do russo Ilitch Tchaikovski (1840-1893), apresentados recentemente. “Nós temos tido o Theatro lotado em todas as apresentações. É uma música que o leigo ouve e compreende”, diz.
“São obras que têm melodias de fácil compreensão e fácil memorização. São aquelas que têm determinadas melodias que a pessoa sai do local de apresentação com ela na mente, assoviando, retém a melodia.”
“A partir dessas obras mais fáceis, quando a pessoa consegue entender e aceitar, as pessoas vão, pouco a pouco, buscando obras mais complexas até chegar ao dodecafônico”, destacou Menescal, se referindo à técnica de composição criada pelo austríaco Arnold Schoenberg (1874-1951), em meados de 1930. A técnica se utiliza de 12 notas e se difere da harmonia tradicional.
Nos dois dias de apresentações, antes de cada espetáculo, haverá uma palestra gratuita sobre a história e importância do corpo de vozes que completa 90 anos.
“Temos sempre enorme preocupação e trabalhamos muito pela renovação de público, sobretudo no pós-pandemia. Seja com o preço dos ingressos acessíveis, seja pela produção de programas alicerçados em grandes títulos conhecidos do público”, ressalta Eric Herrero, acrescentando que também busca renovação dos profissionais do Theatro. “Desde a temporada passada temos proporcionado estreias de jovens artistas no grande palco, em nossa temporada oficial”.